JPMorgan vê risco fiscal e rebaixa recomendações para ações do Brasil

O banco norte-americano JPMorgan ajustou sua estratégia de investimento para ações brasileiras. Em relatório divulgado nesta terça-feira, 26, a instituição financeira reduziu a recomendação de overweight (maior que o esperado) para neutra.

Em contrapartida, a equipe do banco registrou sua preferência em relação ao momento econômico do México. De acordo com a empresa, os ativos mexicanos são mais “atraentes”.

Já em relação às do Brasil, o JPMorgan afirmou que o rebaixamento se deve à percepção de que o país convive com um “eterno dia da marmota”. De acordo com o banco, isso ocorre devido ao repetitivo ciclo de desafios econômicos e políticos.

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Os analistas expressaram preocupações com a política fiscal no Brasil. Além disso, citaram a dificuldade em aprovar reformas necessárias no Congresso Nacional. Nesse sentido, os profissionais citaram novamente o mercado financeiro mexicano.

“Demos ao México o benefício da dúvida”, afirmou a equipe do JPMorgan, sob liderança da economista Emy Shayo Cherman. “Mas acompanharemos de perto os desenvolvimentos, especialmente no lado da reforma institucional, que continua a ser o principal risco, na nossa opinião.”

Fatores que influenciam a escolha do JPMorgan

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JPMorgan avalia que a economia brasileira não está num bom cenário | Foto: Jeso Carneiro/Flickr

A escolha da instituição baseada nos Estados Unidos é sustentada por três fatores:

  1. cenário global que favorece o México;
  2. diferenças nos ciclos monetários dos dois países (Brasil e México) e incertezas sobre o novo governo mexicano; e
  3. desaceleração econômica da China, o que pode impactar o Brasil, principalmente pela redução nos preços das commodities.

O JPMorgan observou que, embora a desaceleração chinesa possa prejudicar os fluxos para mercados emergentes, as tarifas dos EUA à China levaram o país asiático a aumentar suas importações do Brasil, atenuando possíveis impactos negativos.

Dessa forma, a expectativa é que o Brasil eleve suas taxas de juros, enquanto o México tende a reduzi-las. Tal disparidade nas políticas monetárias também influenciou a decisão do banco de revisar suas recomendações em relação às ações mexicanas e brasileiras.

Impacto das taxas de juros e perspectivas para empresas

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Agora, banco classifica as ações brasileiras como neutras | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No entanto, no México, o impacto das taxas de juros é menor devido ao baixo nível de crédito — isso quando comparado ao Brasil. Apesar de uma visão neutra sobre ações brasileiras, o JPMorgan mantém uma perspectiva positiva para certas empresas do país. É o caso, por exemplo, da Eletrobras, da Sabesp e do Itaú. Contudo, a recomendação para ações de commodities é underweight (expectativa baixa), embora haja interesse em companhias como a Suzano, que atua na produção de papel e celulose.

Os analistas do banco norte-americano afirmaram, por fim, que seguirão a monitorar de perto os desenvolvimentos econômicos e políticos tanto do Brasil quanto do México. O relatório do JPMorgan destaca a correlação entre a produção industrial mexicana e a norte-americana. Ressalta, assim, que o crescimento dos EUA beneficia o México por meio de remessas e comércio. Enquanto isso, o Brasil, de acordo com o banco, enfrenta o desafio de estabilizar sua dívida pública, algo que os analistas consideram ambicioso no curto prazo.

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