Daniel Zohar-Zonshine, 66 anos, embaixador de Israel no Brasil desde 2021, carrega uma difícil missão da diplomacia israelense neste momento. Em meio à guerra iniciada em 7 de outubro de 2023, depois dos ataques terroristas do Hamas, ele precisa lidar com os problemas de um país em conflito e atuar como um “soldado” de linha de frente na batalha midiática. Recebe e transmite instruções à distância.
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Zonshine é o representante israelense junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isto em um momento no qual existe um distanciamento nas relações governamentais com Israel, em função de declarações de Lula.
O presidente brasileiro, em fevereiro último, comparou o governo israelense ao do regime nazista e insiste em classificar as ações do Exército do país judeu em Gaza como genocídio. Na atual crise, o embaixador brasileiro em Tel-Aviv foi retirado do cargo. Zonshine, contudo, permanece em Brasília, à espera de uma melhora no ambiente.
A Oeste, Zonshine faz comentários do mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em 21 de novembro, contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. Eles foram acusados, juntamente com líderes do Hamas, de crimes de guerra. O embaixador comparou o mandado a um “prêmio ao terror”. Confira.
Qual é a posição de Israel em relação à decisão do TPI de emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro Netanyahu e o ex-ministro Gallant, os equiparando aos chefes do Hamas?
Essa decisão não é justa, não leva em consideração o direito de Israel de se defender. A comparação entre líderes de um país democrático com terroristas é um absurdo. Além de haver questões legais que são problemáticas nesta decisão.
Qual é o significado dessa decisão para Israel, do ponto de vista diplomático?
Essa decisão significa não somente um ataque a líderes israelenses; é também a Israel, que foi atacado no dia 7 de outubro por terroristas e agora é ele quem está sendo punido por uma corte internacional.
Israel vai recorrer dessa decisão?
Ainda estamos avaliando de que maneira vamos tratar o assunto. Mas o importante é que não somente Israel, mas vários países consideram que esta é uma decisão politicamente distorcida.
Até que ponto esta decisão influencia na atuação do Hamas contra Israel?
Esta decisão também não ajuda nada a acalmar a situação em Gaza e beneficiar a população de lá. Por enquanto, o Hamas está bastante forte em Gaza, domina a vida deles. Para o grupo, a decisão foi positiva, uma espécie de prêmio para a atividade terrorista deles.
Como a Embaixada vê o aumento do antissemitismo no Brasil, conforme o senhor falou em discurso em jantar da Conib (em 23 de novembro)?
O antissemitismo é um fenômeno preocupante que aumentou desde o início da guerra. Ele é um interesse comum tanto da Embaixada quanto da Confederação Israelita do Brasil (Conib). Ao longo do ano, temos colaborado em esforços para aumentar a conscientização e combater suas manifestações.
De que maneira a Embaixada de Israel tem atuado para combater o aumento do antissemitismo?
Um dos instrumentos que utilizamos foi a definição da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA ), que foi adotada por 11 Estados brasileiros neste ano. É fundamental definir o que é o antissemitismo para identificá-lo e combatê-lo. Nosso objetivo para o próximo ano é aumentar o número de Estados que adotam essa definição e ajudar na implantação nos Estados que já a assinaram.
Como o senhor vê o sionismo e as críticas em relação a essa questão?
Sou israelense, judeu e sionista. Um sionista orgulhoso. Infelizmente, nos últimos tempos, o termo “sionismo” tem adquirido uma conotação negativa, e devemos resgatar sua força e significado original.
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Qual é o verdadeiro significado do sionismo?
O movimento sionista foi criado para estabelecer um lugar seguro para o povo judeu. O movimento enfrentou desafios ao longo de sua história e continua enfrentando. No entanto, estamos determinados a superar essas dificuldades. Acredito que temos capacidade para isso.
Até que ponto a paz é vista como uma prioridade pela população israelense?
O povo de Israel deseja viver em paz, em um país que respeite seus cidadãos, os valores aos quais se comprometeu, seus vizinhos e que se torne um exemplo para o mundo, contribuindo para torná-lo um lugar melhor. Isso é Tikun Olam (um conceito da tradição judaica).
Como este conceito pode ser efetivo na prática?
Espero que possamos continuar a cooperar com a Conib para promover o Tikun Olam, utilizando o sionismo de maneiras pacíficas e fazendo com que a comunidade judaica no Brasil se orgulhe do Estado de Israel.
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