O Brasil e os trópicos importaram símbolos e costumes natalinos da Europa temperada e do Mediterrâneo: pinheiros, Papai Noel superagasalhado, renas, meias nas lareiras… e até neve de algodão.
Mas, os trópicos da América Latina exportaram uma planta símbolo à Europa. A flor-do-natal ou poinsétia, originária do México, também conhecida como cardeal ou estrela-do-natal. Melhorada e miniaturizada, tomou conta das decorações natalinas nos lares e centros comerciais. Nos países temperados, resiste ao inverno, dentro das casas.
A flor-do-natal não é exatamente uma flor. Ela tem na base folhas verdes e acima das hastes, folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas. No coração dessa “estrela vermelha” estão pequenas inflorescências amarelas.
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Ela é uma Euforbiácea (mais de 7.500 espécies), como seringueira, mamona, pinhão manso e mandioca. Eufórbia, em grego, significa bom (eu) alimento (fórbia). As eufórbias são tóxicas, mas basta a mandioca para justificar o nome da família. O nome científico da flor-do-natal é Euphorbia pulcherrima: “a mais bela das eufórbias”.
Quem inventou essa flor-do-natal? Em primeiro lugar, a natureza. Em segundo lugar, esse símbolo vegetal mexicano não vem dos astecas e sim dos padres missionários franciscanos, especialistas em criar novidades para o Natal. Basta lembrar: São Francisco de Assis foi o inventor do presépio!
Foi ele quem armou o primeiro presépio da história, na noite de Natal de 1223, na localidade de Greccio, lá na Itália. Inventor do presépio, nunca cobrou direitos autorais, nem de propriedade intelectual. São Francisco de Assis quis celebrar o Natal da forma mais realista possível e, com permissão do Papa, montou um presépio de palha, com imagens do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, com um boi e um jumento vivos.
Assim foi celebrada a missa de Natal em 1223. O costume espalhou-se pela Europa e pelo mundo. A Igreja considera um bom costume cristão armar presépios no período do Natal nas casas e até em praças e locais públicos.
Cinco séculos depois, no século XVII, no México, a flor-do-natal assumiu um significado natalício. Frades franciscanos sistematizaram seu uso em comemorações natalinas e associaram a forma de suas brácteas vermelhas à estrela de Belém. Elas também lembram o calor das celebrações natalinas e a estrela de Belém. No Natal, a poinsétia é um ícone do amor e da alegria.
A poinsétia é muito utilizada para fins decorativos na Europa, América do Norte e Brasil, especialmente no Natal. Como é uma planta de dia curto, floresce exatamente no solstício de inverno e coincide com o Natal no Hemisfério Norte. No Brasil, deixada na natureza, a poinsétia cresce até 4 metros e fica vermelha no mês de julho, nos dias curtos do inverno austral.
Graças ao trabalho de floricultores e viveiristas (controle da iluminação, em estufas e do crescimento das plantas, com hormônio), elas se revestem de púrpura de novembro e dezembro, miniaturizadas. Existem quatro a cinco variedades de poinsétias, selecionadas e diferenciadas por cor e tamanho.
Este ano, mais de três milhões de vasos de poinsétias serão comercializados. Quase metade passará pelo Veiling, o sistema de leilão e comercialização da Cooperativa de Holambra (SP). A logística do agronegócio leva os milhões de plantas, produzidas em diversos locais e Estados, até os mais diferentes consumidores em todo o Brasil.
Há imitações de poinsétias de plástico, um derivado do petróleo. Às vezes, o contexto implica o uso de plantas artificiais e não naturais. O ideal é evitar o uso de combustíveis fósseis e privilegiar as obras da natureza, lapidadas pelo saber humano e pela sabedoria dos floricultores, como foi a poinsétia, a lusitanamente rubro-verde, a gloriosa flor-do-natal.
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