Caso Braga Netto: para a PF, busca e apreensão foram ‘necessárias’ para para aprofundar investigação

Em ofício entregue ao ministro Alexandre de Moraes, na última segunda-feira, 9, a Polícia Federal (PF) alegou que a busca e apreensão em endereços ligados ao general da reserva Braga Netto e seu assessor, Flávio Peregrino, seriam uma medida “necessária para aprofundar o contexto apuratório” das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. 

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O relatório, de 22 páginas, fala que o ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro teve atuação relevante “no contexto dos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito”. De acordo com a PF, o militar teria participado inclusive de tentativas de embaraçamento e obstrução das investigações.

“Pelo que se extrai dos fundamentos do seu indiciamento formal, constata-se que Braga Netto atuou de forma efetiva como um dos principais articuladores das ações operacionais ilícitas executadas pelos investigados integrantes de Forças Especiais”, diz o documento. 

Foi na residência de Braga Netto que o núcleo de militares das Forças Especiais do Exército, também denominados “kids pretos”, se reuniu em 12 de novembro de 2022, ocasião em que Mauro Cid esteve presente. Vários dos elementos incriminatórios contra Braga Netto vieram da delação do tenente-coronel, segundo a PF. 


Acusações da PF contra Braga Netto

As investigações acusam o general de tentar controlar o conteúdo da segunda delação de Mauro Cid à PF, realizada em novembro, com objetivo de “alterar a realidade dos fatos apurados, além de consolidar o alinhamento de versões entre os investigados”. A perícia no celular apreendido com o pai de Cid mostrou que mensagens foram apagadas três dias antes da operação policial. 

Para os policiais, o apagamento de mensagens é suspeito. “O contexto do documento revela que, possivelmente, foram feitas perguntas sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por Mauro Cid em sede policial”, diz o ofício encaminhado a Alexandre de Moraes. 


As evidências mostradas no documento também sustentam que Braga Netto repassou dinheiro vivo em uma sacola de vinho para o então major Rafael de Oliveira. O montante serviria para o financiamento de despesas relativas ao suposto golpe. 

Oliveira usou o dinheiro para comprar um celular em Goiânia. O relatório da PF identificou também que três números de celular, todos pertencentes ao grupo “Copa 2022”, no WhatsApp, foram carregados com créditos sequencialmente em uma farmácia na capital goiana — o pagamento foi feito com dinheiro em espécie. 

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