O filme se chama Os Fabelmans (2022, na Amazon). Mas essa é apenas uma licença poética pois ele conta a vida de Steven Spielberg em detalhes antes de começar sua fabulosa carreira. Spielberg dirigiu e escreveu o roteiro em parceria com Tony Kushner.
Os Fabelmans começa com o garotinho Sammy indo pela primeira vez ao cinema com seu pai e sua mãe. Ele tem medo pois ouviu falar das “pessoas gigantes” que aparecem na tela. Seu pai, o engenheiro Burt (Paul Dano), explica como um filme é uma ilusão de ótica construído a partir de imagens isoladas. Sua mãe, Mitzi (Michelle Williams), uma pianista clássica frustrada, dá a sua versão – cinema é magia. Esse contraponto é fundamental na sua carreira: fazer arte com profundo conhecimento técnico.
Dentro da plateia, o pequeno Sam não está mais com medo. Ele fica fascinado com a cena de um desastre de trem. Pede um trenzinho elétrico de presente e usa a câmera 8 milímetros do pai para recriar o que viu na tela. Fica óbvio que ele tem talento para a coisa desde criança.
A partir daí Sammy filma tudo. As brincadeiras com as irmãs, as festas de aniversário, os piqueniques da família. Reúne os amigos para produzir faroestes e um ambicioso filme de guerra. Quando já está na adolescência, Sam está editando um desses registros de passeio familiar quando descobre (no filme) que sua mãe está tendo um caso com o maior amigo do seu pai, Bennie (Seth Rogen).
Esse momento – real na vida de Spielberg – virou uma obsessão em sua carreira. A separação de seus pais o marcou para sempre em sua filmografia. Mas Sam (Gabriel LaBelle) prossegue em sua vida e no colégio enfrenta o bullying e o antissemitismo, o que torna Os Fabelmans muito atual. Para todos os problemas a solução parece estar no seu talento atrás das câmeras. O que explica em parte o fato de Spielberg fazer filmes para agradar todo mundo e se tornar o campeão de bilheteria que virou.
Sem entrar (muito) em spoilers, o final do filme mostra Sam iniciando sua carreira profissional num estúdio de Hollywood. Seu encontro com a lenda do cinema John Ford (David Lynch) é inacreditável. Mas, segundo Spielberg, aconteceu de verdade, frase por frase. A última tomada antes dos letreiros finais é coisa de gênio.
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