Câncer: especialistas têm poucas, mas algumas certezas

Só há dois destinos para as células do corpo: se dividirem ou morrerem. Esse processo mantém o funcionamento dos tecidos e permite, por exemplo, que os seres humanos possam tatear objetos e superfícies. No entanto, quando células que deveriam parar de crescer continuam se multiplicando descontroladamente, pode surgir um câncer.

“Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas”, explica o Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.” O Inca ainda acrescenta que o termo abrange mais de cem doenças, a depender do tecido ou até do órgão específico que foi “invadido”.

O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese (por isso, oncologista é o especialista) | Reprodução/Inca
O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese (por esta, oncologista é o especialista) | Reprodução/Inca

O mau comportamento de uma célula se dá por mutação genética, ou seja, uma alteração no DNA que passa a instruir de maneira equivocada seu ciclo. Depois, se o contato com o agente cancerígeno for continuado, essas células tornam-se malignas e se multiplicam, o chamado “estágio de progressão”.

Veja as principais dúvidas relacionadas ao câncer:

1 – Por que algumas mutações levam ao câncer?

Nem todas as mutações genéticas levam ao câncer, em razão de vários fatores — incluindo o tipo de gene afetado, a localização da mutação e a eficácia dos mecanismos de reparo do DNA no organismo. De acordo com especialistas brasileiros, como o portal especializado Oncologia Brasil, as mutações que resultam em câncer geralmente afetam genes que regulam o ciclo celular, como os proto-oncogenes e os genes supressores de tumor.

Em contrapartida, há outras possibilidades também, como os genes supressores de tumor estarem mutados e inativados. Além disso, muitas mutações são corrigidas por mecanismos de reparo do DNA. Quando esses mecanismos falham, as mutações podem se acumular e levar à transformação maligna das células. Mutações neutras ou silenciosas, que não alteram significativamente a função celular, geralmente não resultam em câncer.

Fato é que médicos e cientistas não entendem com precisão o que causa as alterações, os chamados “fatores cancerígenos”.

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“As mutações são muito importantes, mas não são toda a explicação para os tumores”, resume Douglas Hanahan, acadêmico do centro de pesquisa do câncer de Ludwig, na Suíça, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Outra via de investigação se refere a inflamações. Uma dieta pouco saudável, por exemplo, pode perturbar o equilíbrio do intestino. Isso permite que certas bactérias ataquem. Nesse caso, os cientistas acreditam que pode ocorrer uma inflamação crônica — e consequentemente levar a cânceres de cólon ou de pâncreas.

2 – Poluição pode causar câncer?

Há indícios claros sobre os impactos da poluição do ar na saúde. Sabe-se, por exemplo, que a presença de partículas ultrafinas (PM2,5) — tão pequenas que permanecem suspensas no ar e são invisíveis a olho nu — aumenta o risco de câncer de pulmão. De acordo com a ONG Oncoguia, um aumento de apenas 1 μg/m³ nos níveis de PM2,5 pode elevar a incidência da doença em 8%. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para entender melhor essa relação.

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Em resumo: a quantidade e por quanto tempo uma pessoa se expõe à poluição provavelmente faz diferença.

3 – Como tumores podem crescer sem controle?

Além dos oncogenes — genes que, quando normais, regulam o crescimento e a divisão celular, mas, ao sofrerem mutações, passam a favorecer o tumor —, sabe-se hoje que algumas células normais também podem ser “recrutadas” para apoiar o desenvolvimento do tecido maligno.

4 – Qual o tratamento?

Tratar um câncer varia conforme o tipo e o estágio da doença, bem como as condições individuais de cada paciente. As principais abordagens terapêuticas incluem (segundo o Inca):

  • Cirurgia: consiste na remoção do tumor por meio de procedimentos cirúrgicos. Quando indicada, visa a eliminar completamente o tumor;
  • Quimioterapia: utiliza medicamentos que circulam pelo sangue, alcançando todo o corpo, para destruir as células cancerígenas ou impedir sua multiplicação;
  • Radioterapia: emprega radiações ionizantes, como raios X, para destruir ou inibir o crescimento das células tumorais;
  • Transplante de medula óssea: indicado para alguns tipos de câncer, envolve a substituição da medula óssea doente por células saudáveis. 

Em muitos casos, é necessário combinar mais de uma dessas modalidades para obter resultados.

Quanto à possibilidade de cura, ela depende de diversos fatores — incluindo o tipo do tumor, seu estágio no momento do diagnóstico e a resposta ao tratamento.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, “um de cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início”. Além disso, considera-se que um paciente está curado quando completa cinco anos sem sinais da doença depois do tratamento. No entanto, esse período não é um consenso absoluto entre os especialistas.

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