Ministros de Lula se calam diante do drama da família Bettim

Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, têm um ponto em comum. Os dois estão em silêncio em relação ao drama enfrentando pela família Bettim, que corre o risco de ser desapropriada da própria fazenda, em São Mateus, no norte do Espírito Santo.

Há seis décadas no local, os Bettim se dedicam aos trabalhos de produção rural. A Fazenda Floresta & Texas conta com plantações de café, pimenta-do-reino e mandioca. Além disso, a propriedade mantém árvores frutíferas e a criação de mais de 500 cabeças de vacas leiteiras.

Apesar de indicadores de produtividade, conforme dois recentes laudos, a fazenda é alvo de processo de desapropriação. Se nada mudar, a decisão da Justiça que determina a entrega da propriedade para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) terá de ser cumprida na próxima quinta-feira, 13.

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Apesar do histórico de Fávaro como produtor rural, chegando a presidir a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, a pasta sob comando dele prefere não se envolver no caso que afeta diretamente toda uma família de trabalhadores do campo.

A Oeste, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) se limitou a avisar que não ter relação com o processo contra a família Bettim. “Informamos que a demanda em questão deve ser direcionada ao Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).”

Chefiado por Teixeira, o MDA foi outro ministério do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não se manifestar. A pasta, assim como o Mapa, jogou a responsabilidade para outro órgão. “Informações relativas a questões fundiárias, assentamentos e afins devem ser tratadas diretamente com o Incra.”

Incra ignora laudos favoráveis à família Bettim

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A petista Penha Lopes sorridente ao lado de um militante do MST. Com Lula na Presidência, ela virou superintendente do Incra no Espírito Santo | Foto: Reprodução/Instagram/@penhalopessantos

O Incra, por sua vez, ignora dois recentes laudos que atestam a produtividade da fazenda da família Bettim e, assim, segue a defender a desapropriação. Para isso, o instituto tem como base perícia feita há 16 anos.

“A Constituição Federal prevê expressamente a desapropriação de imóveis rurais que não estejam cumprindo sua função social”, afirma a divisão capixaba do Incra, em nota enviada a Oeste. “Conforme verificado no período avaliado, o imóvel não atingiu os índices de produtividade estabelecidos pela legislação, bem como não cumpriu as exigências do Código Florestal.”

A superintendência do Incra no Espírito Santo é de responsabilidade de Maria da Penha Lopes dos Santos desde abril de 2023. Ela é petista e milita em favor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

O caso que ministros de Lula ignoram

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Carlos Fávaro tem histórico como produtor rural, mas ignora problema contra trabalhadores do campo | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Hoje ignorado pelos dois ministros de Lula que, em teoria, deveriam atuar em prol de produtores rurais brasileiros, o drama da família Bettim teve início por culpa direta do presidente da República. Em março de 2010, o petista assinou o decreto que determinava a desapropriação da Floresta & Texas.

O assunto avançou desde o retorno de Lula ao poder, em janeiro de 2023. Apesar das recentes perícias que atestam a produtividade da fazenda, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região mantém, ao menos por ora, a decisão da Justiça do Espírito Santo, que determina a desapropriação do local — e sua entrega ao Incra na sequência — para a próxima quinta-feira 13.

Leia também: “Propriedade violada”, reportagem publicada na Edição 252 da Revista Oeste

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