Jane Fonda recebe prêmio em reconhecimento pela carreira e critica governo americano

É uma tradição em todas as mais importantes premiações do ano e no SAG Awards não poderia ser diferente. Neste domingo, 23, durante a entrega dos prêmios do Sindicato dos Atores (SAG), foi concedido também o SAG Life Achievement Award para a veterana atriz Jane Fonda. Life Achievement, que numa tradução literal é “conquista de vida”, pode ser melhor traduzido como um prêmio de reconhecimento da carreira. Jane Fonda é a 60ª pessoa a receber a honraria do SAG, anualmente concedida a um artista que promove “os melhores ideais da profissão de ator/atriz”, reconhecendo realizações “profissionais e humanitárias”. Aos 87 anos de idade, e possivelmente pelos últimos 30 anos, Jane Fonda dedica-se mais à militância política e questões humanitárias do que qualquer outra coisa.

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Não foi por acaso, portanto, o discurso engajado da atriz pelos ideais progressistas defendidos pelos democratas, em contraste com as críticas e ataques aos republicanos, em especial ao presidente eleito Donald Trump — ainda que sem mencionar seu nome. Fonda disse que, em termos de empatia, “muitas pessoas vão se machucar com o que está acontecendo, o que está vindo em nossa direção”. Sobre aqueles que são de uma persuasão política diferente, a atriz comentou: “Precisamos apelar para nossa empatia e não julgar, mas ouvir de nossos corações e do mundo”.

O SAG Life Achievement Award foi apresentado pela atriz Julia Louis-Dreyfus, seguindo-se a exibição de uma montagem de clipes de alguns dos mais famosos filmes estrelados por Jane Fonda, como Julia (1977), Como Eliminar Seu Chefe (1980) e Síndrome da China 1979), além daqueles em que ela foi premiada com o Oscar, como Klute – O Passado Condena (1971) e Amargo Regresso (1978). Ao subir ao palco, Jane Fonda primeiro agradeceu ao SAG-AFTRA e seus colegas atores, que a aplaudiram de pé. “Isso significa o mundo para mim”, disse ela.

Síndrome da China
Jane Fonda em cena do filme “Síndrome da China” | Foto: Divulgação/Columbia Pictures

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A atriz reconheceu que nas últimas décadas manteve uma “carreira realmente estranha”, lembrando a plateia sua decisão de se aposentar por 15 anos, ainda nos anos de 1980, para retornar aos 65 anos de idade. “Sou uma desabrochada tardia no show business”, disse. Sempre elogiando a importância do sindicato, ela também não poupou palavras de carinho e reconhecimento a todos os colegas de profissão ali presentes. “Nosso trabalho é entender outro ser humano tão profundamente que possamos tocar suas almas”, disse ela. “Embora você possa odiar o comportamento do seu personagem, você tem que aprender com a pessoa traumatizada que está interpretando.”

Jane Fonda: quanto mais militância política melhor

Mais uma vez fazendo referência à política, Jane Fonda lembrou que seu primeiro filme, produzido em 1958, foi feito no final do macarthismo “quando tantas carreiras foram destruídas”. O macarthismo é um neologismo criado a partir do nome de Joseph McCarthy, político norte-americano que passou anos ligado aos democratas, mas depois uniu-se aos republicanos. Foi nesse momento que ele se tornou um dos nomes mais importantes na luta pela democracia e contra a invasão comunista nos Estados Unidos que contaminou Hollywood. Mas Jane Fonda faz uma leitura diferente desse capítulo da história. “Estamos em nosso momento de documentário”, alertou. “Não devemos nos enganar nem por um momento sobre o que está acontecendo. Isso é muito sério, pessoal, então vamos ser corajosos”.

Ao longo de sua vida, Jane Fonda apoiou diversos movimentos de esquerda e criticou abertamente o governo dos EUA em várias ocasiões, sobretudo a política externa e a economia, gerando atritos com setores conservadores e militares. Há décadas vem fazendo militância ambiental e ativismo feminista, o que levou a atriz à prisão diversas vezes nos protestos em que participava. Mas a maior controvérsia envolvendo Jane Fonda ocorreu em 1972, quando ela visitou o Vietnã do Norte justamente no período da Guerra do Vietnã. Durante a visita, Fonda foi fotografada sentada em uma bateria antiaérea vietnamita, o que gerou forte indignação nos Estados Unidos. Foi por conta dessa imagem que ela ganhou o apelido de “Hanoi Jane”, sendo acusada de traição por muitos veteranos e cidadãos americanos. Não muito tempo depois a atriz chamou os prisioneiros de guerra americanos de “mentirosos”, uma vez que relataram torturas no Vietnã. Jane Fonda chegou a pedir desculpas publicamente, mas boa parte da população e dos políticos nunca a perdoaram.

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