Por enquanto não passa de apenas um rumor, mas trata-se daquelas conversas que geram enorme tensão: segundo o criador e roteirista da premiada série de TV Peaky Blinders, Steven Knight, o remake de Um Corpo Que Cai está a caminho. Knight inclusive chegou a mencionar que o ator Robert Downey Jr., atualmente conhecido entre os mais jovens por interpretar o Homem de Ferro, estaria confirmado no elenco e que ele também assinaria o filme como produtor. E por que a tensão? Porque Um Corpo Que Cai é um filme de Alfred Hitchcock.
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Lançado em 1958, Um Corpo Que Cai é tido como um dos mais importantes trabalhos realizados por Hitchcock. Aliás, o cineasta britânico coleciona inúmeros filmes na mesma escala de importância, como Psicose (1960), Janela Indiscreta (1954), Intriga Internacional (1959) entre outros. Desde seu lançamento, Um Corpo Que Cai só vê crescer, com o passar do tempo, seu status de obra-prima. Na lista dos 100 Melhores do American Film Institute (AFI), o filme ocupava a 61ª posição em 1998, passando para a 9ª em 2007 (posição que ocupa até o momento). Em 2012, Um Corpo Que Cai ficou em 1º lugar na lista da prestigiada revista Sight & Sound, deixando para trás Cidadão Kane, de Orson Welles, e assim interrompendo uma liderança que já durava 50 anos daquele é considerado “o melhor filme de todos os tempos”.
É bastante comum, portanto, que surjam dúvidas e um absoluto receio quando um cineasta decide refilmar algum clássico do cinema, sobretudo quando se trata de Alfred Hitchcock. Nenhum diretor, com um mínimo de juízo, deveria sequer pensar nessa possibilidade. “É interessante — quero dizer, é claro que as pessoas consideram o melhor filme já feito. Então você teria que ser um idiota para adaptá-lo, e é isso o que eu sou”, disse o roteirista Steven Knight ao portal The Direct.
O último diretor que também se enxergava com tamanha perfeição foi Rick Rosenthal, que em 1994 teve a brilhante ideia de lançar Os Pássaros 2 (The Birds II: Land’s End). Pior do que fazer uma refilmagem, o título evidencia tratar-se de uma continuação de outro grande clássico de Hitchcock, lançado em 1963. Pouco tempo depois, em 1998, Gus Van Sant decidiu refilmar Psicose. Na tentativa de evitar qualquer possibilidade de desconstruir ou arruinar a obra de Hitchcock, Van Sant optou por simplesmente copiar cada plano, quadro a quadro, do filme original. Não ajudou em nada. Além de gerar questionamentos sobre a utilidade do filme, Van Sant foi duramente criticado por se esquecer de dirigir os atores, principalmente Vince Vaughn — um desastre como o personagem Norman Bates do clássico papel de Anthony Perkins.

Não é uma norma escrita, mas praticamente todo cineasta em Hollywood que respeita a história da arte, preza pelo seu trabalho e principalmente pelo próprio nome, jamais se arrisca a colocar as mãos nos clássicos do passado. A não ser que o diretor seja o próprio Alfred Hitchcock, claro. Em 1934, ainda no início da carreira e vivendo na Inglaterra, o diretor realizou O Homem que Sabia Demais, um clássico na antologia do cinema britânico e que naquela época já indicava o talento incomparável do diretor. Décadas depois, Hitchcock foi contratado para trabalhar em Hollywood. Em 1956, ele refilmou O Homem que Sabia Demais, aprimorando a história com melhores recursos técnicos e contando com um elenco de estrelas — James Stewart e Doris Day. A nova versão foi imediatamente considerada mais refinada e também entrou para a lista das obras-primas do mestre do suspense.
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