Minha vontade era contar tudo para ele, que sou alcoólatra e que não consigo me relacionar amorosamente com ninguém. Essa é a verdade. Vivo bem sozinha. Tenho, claro, meus relacionamentos que não são sérios. Isso me torna uma pessoa menor?
Será? Além de não ter um parceiro, não tenho filhos. Isso me coloca em uma caixinha. Já contei aqui que acredito nunca ter sido mãe por causa do meu alcoolismo. Quando tinha uma idade boa para isso, estava muito louca. Acompanhei o nascimento dos filhos dos meus amigos, dos meus irmãos, e para mim sempre me pareceu tudo muito bonito mas distante. Imagina se eu tivesse ficado grávida de um dos tantos homens com quem transei bêbada? Não teria sido nada agradável.
Muitas vezes me sinto uma pessoa estranha. Quando encontro amigos, por exemplo, e escuto o papo dos filhos, das escolas, dos problemas que uma criança traz para a vida deles, me sinto um peixe fora d’água. Já sofri muito, já me senti diminuída, uma mulher pela metade. Hoje curto a minha condição de solitude. Se por um lado perdi muita coisa, por outro é um alívio não ter alguém para cuidar.
Leia mais (03/10/2025 – 12h00)