Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, apoiou a recente sugestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que os consumidores evitem comprar produtos com preços elevados. O objetivo é ajudar a controlar a inflação de alimentos.
Lula proferiu essa declaração em 6 de fevereiro, durante entrevista para uma rádio na Bahia. “Se você vai em um supermercado em Salvador e desconfia que tal produto está caro, não compra”, disse o petista, na ocasião. “Se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter de baixar o preço, senão o produto vai estragar.”
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Durante uma aula magna no Impa Tech, curso de matemática e tecnologia do Instituto de Matemática Pura e Aplicada no Rio de Janeiro, Arminio Fraga disse que, embora Lula tenha enfrentado críticas por sua orientação, o petista de fato tem razão.
“Se o preço está caro, a pessoa procura outro alimento”, disse o ex-presidente do Banco Central. “O preço dos alimentos varia. Lula não está sendo muito feliz em algumas declarações, mas isso que ele falou está correto.”
Arminio Fraga também critica Lula
O ex-presidente do Banco Central explicou que a inflação de alimentos é influenciada por múltiplos fatores, incluindo preços internacionais, variações cambiais e condições climáticas. Ele destacou também que a inflação alimentar é apenas uma parte do cenário inflacionário global.
Em uma avaliação sobre o atual cenário econômico do país, Arminio Fraga observou que o terceiro mandato de Lula encontra-se em um contexto mais desafiador do que os anteriores. Ele mencionou que, além da falta de controle no Congresso, a ausência de ideias inovadoras é um ponto de preocupação.
“Sou admirador da história do presidente Lula, mas acho que não está repetindo o desempenho que teve nas presidências anteriores”, disse o ex-presidente do Banco Central. “Inclusive porque o entorno é mais difícil. Mas a falta de ideias me parece algo bem preocupante.”
A preocupação com o governo Trump
No cenário econômico mais amplo, houve uma revisão para baixo na previsão de inflação para 2025, o que marcou a primeira redução em 23 semanas. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 17, projeta-se que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 5,66%. Isso representa uma ligeira queda de 0,02 ponto porcentual, em relação à semana anterior.
Os analistas também mantiveram a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central eleve a taxa Selic em um ponto porcentual, para 14,25% ao ano, com a decisão prevista para ser anunciada nesta quarta-feira, 19.
Ao comentar o cenário internacional, Arminio Fraga expressou preocupação com as iniciativas do governo Trump relacionadas à taxação, considerando-as inadequadas em um contexto econômico global que já enfrenta fragilidades.
Embora concorde com a busca por eficiência estatal, Arminio Fraga se opõe veementemente ao “desmantelamento” do Estado. “Numa economia global que já anda frágil, que já anda em um mundo estratégico cheio de problemas, não faz muito sentido”, disse. “Pensar na eficiência do Estado: estou totalmente de acordo. Desmantelar o Estado, estou totalmente contra.”
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