Em um desenvolvimento significativo no conflito que assola o Sudão, o Exército do país anunciou a retomada do controle do palácio presidencial, na capital, Cartum, até então ocupado por combatentes do grupo paramilitar autodenominado Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês). A notícia, divulgada por um porta-voz militar nesta sexta-feira, 21, ocorreu depois de uma batalha na cidade.
Imagens da televisão estatal e vídeos compartilhados por soldados nas redes sociais mostram quando as tropas celebram a reconquista do palácio. A atmosfera de comemoração contrasta com a tensão que marcou os últimos meses no país.
“Nossas forças infligiram pesadas perdas ao inimigo, destruindo combatentes e equipamentos e apreendendo um grande arsenal de armas”, afirmou o porta-voz das Forças Armadas do Sudão, Nabil Abdalá, em comunicado. “O Exército seguirá avançando em todas as frentes, até que a vitória seja alcançada e cada canto de nossa nação esteja livre da milícia e seus apoiadores.”
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Contudo, o RSF emitiu uma resposta por meio do aplicativo de mensagens Telegram. O grupo paramilitar contesta a afirmação governamental. Segundo o RSF, a “batalha pelo palácio presidencial ainda não terminou”. Além disso, afirma-se que um ataque recente resultou na morte de dezenas de soldados.
Fontes do Exército sudanês, que falaram sob condição de anonimato às agências de notícias Associated France Presse (AFP) e Reuters, relataram que três jornalistas da TV estatal foram mortos em um ataque com drone realizado pelo grupo paramilitar.
EXÉRCITO DO SUDÃO RECAPTURA PALÁCIO PRESIDENCIAL EM CARTUM APÓS DOIS ANOS DE CONFLITO
📰 O Exército do Sudão anunciou hoje que retomou o controle total do Palácio Presidencial no centro de Cartum, anteriormente sob domínio das Forças de Apoio Rápido (RSF), marcando um avanço… pic.twitter.com/HCmNBNacG0
— InfoGlobalBR (@InfoGlobalBR) March 21, 2025
Guerra civil no Sudão
O Sudão enfrenta um conflito armado desde 15 de abril de 2023, que opõe o chefe do Exército oficial, Abdel Fatah al Burhan, a um ex-aliado, o general Mohamed Hamdan Daglo. Daglo é o líder do RSF.
A ocupação do palácio presidencial em Cartum pelo grupo paramilitar desde o início do conflito forçou o governo, alinhado com o Exército, a se deslocar para Porto Sudão, às margens do Mar Vermelho.
Um especialista militar, que preferiu não se identificar por questões de segurança, afirmou à AFP que “a entrada do Exército no Palácio Republicano, que simboliza o controle do centro de Cartum, representa um duro golpe para as forças de elite da milícia”.
Apesar desse avanço, o grupo paramilitar RSF mantém posições em Cartum e em Omdurman. A cidade é vizinha à capital e está localizada às margens do Rio Nilo Branco.
No restante do país, os combates se intensificaram nas últimas semanas, especialmente em El Fasher, capital da Província de Darfur do Norte. A cidade, sitiada desde maio, é alvo de tentativas de tomada por parte dos paramilitares, que buscam controlar toda a vasta região ocidental de Darfur.
O conflito em curso no Sudão já resultou em milhares de mortes. Houve, além disso, deslocamento de aproximadamente 12 milhões de pessoas. Tal situação desencadeou uma das maiores crises humanitárias e de deslocamento do mundo.
Na Região Metropolitana de Cartum, cerca de 3,5 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar seus lares devido à violência. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 100 mil pessoas enfrentam a desnutrição no país.

ONU lamenta situação do país
Em nota, o escritório das Nações Unidas para os direitos humanos condenou a morte de inúmeros civis nos últimos dias. Segundo a entidade, entre as vítimas estão trabalhadores humanitários voluntários, que foram alvo de bombardeios e artilharia pesada utilizados na ofensiva.
“A ONU recebeu relatos de que os combatentes da RSF e milícias aliadas teriam invadido casas no leste de Cartum e executado moradores, realizando ainda prisões arbitrárias e saques em clínicas médicas e cozinhas comunitárias”, afirma a organização. “Outra preocupação é com alegações de violência sexual na área de Giraif Gharb, o que agrava a crise.”

Com informações do g1 e do portal UN News. E com apoio da inteligência artificial Gemini
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