Por que a CPI do padre Júlio Lancellotti está parada na Câmara de São Paulo

A CPI que investigaria a atuação do padre Júlio Lancellotti e das organizações não governamentais (ONG) na cracolândia provocou um impasse na Câmara Municipal de São Paulo.

Nos bastidores, a maioria dos vereadores — tanto da esquerda quanto da direita — reconhece a veracidade dos vídeos pornográficos do padre. Conforme revelou Oeste, dois peritos confirmaram a autenticidade das imagens que mostram quando Júlio Lancellotti se masturba para um menor de idade. Uma terceiro perito, contratado pela revista Fórum, emitiu dois pareceres contraditórios: primeiro, sugeriu que haveria indícios de deepfake no vídeo; depois, alegou que criminosos teriam contratado um sósia do padre, construído um estúdio idêntico à sua residência e gravado as cenas.

O impasse, nesse caso, é que a investigação do padre e das ONGs poderia resultar em uma “Operação Lava Jato” na Câmara de São Paulo. Há décadas, essas organizações recebem cifras milionárias de diferentes grupos empresariais e políticos. E, por serem ONGs, a fiscalização sobre o repasse de verbas é negligente. Para que houvesse uma investigação acurada sobre o dinheiro que circula nessas organizações, seria necessária a abertura de uma CPI. Essa Comissão Parlamentar de Inquérito poderia, segundo a legislação brasileira, solicitar a quebra de sigilo bancário das ONGs. Em resumo, tornar esses dados públicos exporia a relação entre seus administradores e os grupos políticos relacionados.

Se houver investigação do padre e das ONGs ligadas à esquerda, também haverá pressão para a instalação de CPIs que investiguem as ONGs ligadas à direita. E, como sempre houve relação entre vereadores e ONGs, é provável que ilegalidades viessem à tona e prejudicassem os integrantes da Câmara Municipal de São Paulo.

Os aliados do padre Júlio Lancellotti

Outro motivo que explica o engavetamento da CPI do padre Júlio Lancellotti é a ligação do pároco com os grupos políticos mais poderosos de São Paulo e de Brasília. Conforme revelou Oeste, o cardeal dom Odilo Scherer blindou o padre na época em que a Câmara discutia com maior vigor a instalação da CPI. Sem o sinal verde da Arquidiocese de São Paulo, principal autoridade católica no Estado, as denúncias contra Júlio Lancellotti não chegaram ao Vaticano.

Na mesma época, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ligou para o padre e disse que o ajudaria se fosse necessário. O magistrado chegou a dizer que conversaria com o então presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (União), para tratar da CPI. À época, o pároco ainda recebeu o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, a investigação está sob sigilo no Ministério Público de São Paulo.

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