A crise de desabastecimento de medicamentos para epilepsia no Brasil persiste. O problema afeta severamente a saúde de muitos pacientes. Em outubro de 2024, a empresa de saúde Sanofi anunciou a interrupção temporária da produção dos remédios essenciais, como Frisium e Urbanil.
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Em janeiro de 2025, a companhia afirmou que o princípio ativo já estava no Brasil e disponibilizou um estoque emergencial. No entanto, um mês depois, os problemas continuaram. Isso levou à transferência dos registros para a indústria farmacêutica Pharlab. A partir disso, a vendedora Moksha8 assumiu a distribuição.
Em 27 de fevereiro, a Sanofi divulgou em seu site um comunicado sobre a transferência dos registros das medicações para a Pharlab. Em março, a Pharlab declarou que retomou a comercialização. Contudo, muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades para encontrar os medicamentos nas farmácias e no Sistema Único de Saúde (SUS).
Escassez de medicamentos para a epilepsia
Os remédios, mesmo disponíveis em farmácias e no SUS, continuam escassos. O preço varia entre R$ 16 e R$ 24, e a receita para aquisição é controlada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com um número de série.
A ausência dos medicamentos resultou em consequências graves, como o aumento das crises epilépticas e o risco de morte súbita inesperada em pessoas com o problema.

A Anvisa afirmou que “nos dois casos [do Clobazam e Fenobarbital] não há nenhuma pendência em petições pós-registro que pudessem ocasionar desabastecimento”.
A Sanofi, por sua vez, alegou que a nova empresa não havia “herdado” a licença de importação da matéria-prima, pois a aprovação depende da Anvisa.
Busca por soluções
Por causa desse problema, a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) recebeu denúncias de pacientes que não encontraram as medicações, nem pelo SUS nem em farmácias.
O Ministério da Saúde afirmou que não foi notificado pelos Estados sobre o desabastecimento e que a aquisição é responsabilidade das Secretarias Estaduais de Saúde.
Casos como o de Afonso Paiva e Miguel Firmino Bernardo ilustram a gravidade da situação. Paiva, de 24 anos, foi parar na UTI depois da substituição do Clobazam por outro medicamento, enquanto Firmino, de nove anos, depende de doações para continuar o tratamento. “Estamos fazendo uma corrente e praticamente mendigando remédio nas farmácias”, desabafa Ana Firmino, mãe de Miguel, ao portal UOL. “É uma tortura.”
Posição das empresas
Em nota, a Pharlab afirma que o desabastecimento se deve a problemas na cadeia de suprimentos. “O processo de transferência de titularidade não tem relação com o desabastecimento do produto no mercado”, diz a empresa, que retomou a comercialização em março.
A Moksha8, responsável pela distribuição, lamentou o ocorrido e destacou que alternativas terapêuticas estão disponíveis.
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