Depois de prestar esclarecimentos sobre a recente descoberta de uma fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, agora terá de enfrentar os senadores para explicar o caso.
A Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) aprovou nesta terça-feira, 29, um novo convite para Carlos Lupi. O ministro de Lula deve ser ouvido pelos parlamentares sobre o escândalo do INSS na próxima semana. A sessão está marcada para 7 de maio.
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Inicialmente, Lupi deveria ter ido ao colegiado na manhã desta terça-feira, para falar sobre a greve dos peritos médicos do instituto. Entretanto, como a paralisação foi encerrada, a audiência foi cancelada.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), apresentou o requerimento para o novo convite. Na justificativa, o parlamentar falou que “diante da seriedade das suspeitas, que envolvem a integridade da gestão previdenciária e a proteção de direitos dos beneficiários do regime geral de Previdência”, é essencial que Lupi preste esclarecimentos.
“A investigação indica que milhares de beneficiários do INSS foram vítimas de descontos indevidos em seus contracheques, especialmente por filiação a entidades de representação e associações das quais nunca fizeram parte”, afirmou Marinho. “Os descontos eram processados diretamente na folha de pagamento dos benefícios, por meio do sistema de consignações do INSS, em valores entre R$ 20 e R$ 70 por mês, afetando uma grande massa de aposentados e pensionistas, muitos deles idosos em situação de vulnerabilidade social.”
Lupi diz que demissões da fraude no INSS “doem na carne”
Durante a sessão da Comissão de Previdência da Câmara desta terça-feira, Lupi disse estar “doendo a nossa carne” as demissões e os afastamentos dos investigados no escândalo do INSS. O presidente da autarquia, Alessandro Antonio Stefanutto, foi um dos demitidos.
A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da República deflagraram a Operação Sem Desconto para investigar fraudes no INSS. Estima-se um prejuízo de R$ 6,3 bilhões de 2019 a 2024. A ação cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão.
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Ao dar explicações na Comissão de Previdência, Carlos Lupi falou sobre os supostos envolvidos no escândalo: “Eu vi as pessoas que até semana passada eu tinha confiança, trabalhavam comigo, desenvolviam um trabalho que eu achava que era bom, envolvidas nisso”.
“Não conseguimos detectar e, aliás, se for falar a verdade, isso acontece em todas as instituições”, argumentou Lupi, que também disse não poder ser responsabilizado pelos erros dos “meus amigos”.
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“Meu filho não é responsável pelos meus erros”, disse. “E os meus amigos também não podem ser responsabilizados por erros deles na minha pessoa. Cada um de nós é responsável pelos seus atos, pelo seu comportamento. Quem tiver roubado dinheiro de aposentado, de pessimista, tem que ir para a cadeia.”
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A operação contra a fraude no INSS
A Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), apreendeu mais de R$ 40 milhões em bens e valores. Os mandados foram cumpridos contra suspeitos de envolvimento em esquema de fraudes no INSS.
A investigação apura a suspeita de descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagas pela autarquia. Os valores recolhidos eram repassados a associações que, supostamente, remuneravam serviços a essas pessoas.
Contudo, a PF mostra que a maioria dos descontos era feita sem a autorização dos aposentados e pensionistas. E que essas associações envolvidas fraudavam documentos e assinaturas para conseguir o desconto junto do INSS.
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