Em entrevista ao Oeste Sem Filtro desta quinta-feira, 1º, o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) defendeu a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo ele, o esquema de desvio de bilhões de reais entre sindicatos e entidades de fachada não se trata de erro isolado, mas de uma “máfia que lesou os mais carentes, os mais expostos, que são os nossos aposentados”.
Marcon é um dos signatários do pedido de criação da CPI, que visa a apurar os descontos compulsórios indevidos nos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas.
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“Não foram quatro, cinco ou seis pessoas que fizeram esse esquema nessa magnitude”, afirmou o parlamentar. “Isso aqui é um esquema profissional de roubo. Isso aqui não é um batedorzinho de carteira, não.”
Durante a entrevista, o deputado explicou como funcionava o esquema de fraude e atribuiu a execução às práticas de sindicatos que, depois do fim do imposto sindical obrigatório, passaram a buscar novas fontes de financiamento.
“Eles falsificavam a assinatura, falsificavam a autorização de muitos que sequer têm capacidade de autorizar algo, porque não só dos aposentados era descontado, mas também de pessoas inválidas, e eles faziam de forma compulsória”, afirmou.
Marcon relatou que, ao tentarem reaver os valores, muitas vítimas eram informadas de que “não tinha o que fazer e que até se poderia ser cancelado o tal do desconto, mas o que foi roubado não voltaria”. Segundo ele, trata-se de “um nível de maldade que nós não tínhamos visto ainda no nosso país”.
“Muitos tiveram que fechar os olhos” para o escândalo no INSS, diz Marcon
O deputado também explanou as conexões políticas do caso e recordou que “o irmão do presidente Lula é diretor de uma entidade que teve um crescimento de mais de 500% nos últimos dois anos, depois que Lula assumiu”. Para ele, “muitos tiveram que fechar os olhos, muitos tiveram que fingir que nada estava acontecendo”.
Perguntado sobre a relutância do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em instalar a CPI, Marcon foi direto: “A desculpa do Hugo Motta não cola”. Ele sugeriu que Motta teria sofrido pressões externas para impedir o avanço da investigação. “O papo que tem aqui no plenário […] é que se o Hugo Mota pautar a anistia, o pai dele irá preso”, revelou.

Sobre a expectativa em torno da CPI, Marcon disse que a sociedade precisa pressionar: “Não abrir CPI, não demitir [Carlos] Lupi [ministro da Previdência], é muito estranho”, disse. “Os tentáculos da corrupção são gigantescos, e aí é um tentando proteger o outro, porque se um cai, cai todo mundo.”
O deputado deixou claro seu compromisso com a investigação: “Quero estar na CPI, quero investigar, quero dar uma satisfação para as pessoas do porquê elas perderam noites de sono, quando o dinheiro era roubado delas”, disse.
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O post CPI do INSS: ‘Roubar aposentado é um novo nível de maldade’, diz Marcon apareceu primeiro em Revista Oeste.