Alemanha: agência classifica AfD como partido de ‘extrema direita’

A agência de inteligência interna alemã (Bundesamt für Verfassungsschutz, BfV) classificou o partido Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland, AfD) como sigla de extrema direita. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 2, pela BfV, agência de espionagem alemã.

A AfD foi o segundo partido mais votado nas eleições de fevereiro, com cerca de 20% dos votos. Com a classificação como partido “extremista”, as autoridades alemãs podem usar métodos secretos, de espionagem, como recrutamento de informantes e interceptação de comunicações, para monitorar a agremiação.

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De acordo com a agência de espionagem, predominaria dentro do partido uma “concepção de pessoas baseada em etnia e ancestralidade” e isso “não é compatível com a ordem democrática livre”.

Em comunicado, a agência também afirma que o objetivo da AfD seria “excluir certos grupos populacionais da participação igualitária na sociedade, submetê-los a um tratamento que viola a constituição e, assim, atribuir-lhes um status legalmente subordinado”.

Uma das principais bandeiras da AfD é endurecer as regras contra imigração ilegal, em um contexto de entrada de milhares de imigrantes todos os anos — especialmente muçulmanos —, que mantêm, em solo alemão, suas religião, cultura e tradição.

Além disso, há muitos casos de violência praticados por imigrantes, o que fez com que partidos de direita de toda a Europa tenham endurecido o discurso contra a imigração ilegal.

Segundo a agência de espionagem, a AfD “não considera cidadãos alemães de origem imigrante de países predominantemente muçulmanos como membros iguais do povo alemão”. Isso leva à “difamação e vilipêndio desses grupos”, gerando “medos irracionais e hostilidade”, diz a agência.

Acusações contra a AfD vêm antes de posse de novo chanceler

A classificação da AfD como “partido extremista” vem poucos dias antes da posse de Friedrich Merz como novo chanceler da Alemanha. Em coalizão com a CSU, o partido de Merz, o CDU, da ex-chanceler Angela Merkel, de centro-direita, obteve maioria nas eleições de fevereiro.

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O partido União Democrática Cristã (CDU), de Friedrich Merz, venceu a corrida eleitoral em fevereiro | Foto: Reprodução/Twitter/X

O novo governo se preocupa com o papel da AfD no Parlamento, já que a agremiação obteve número recorde de cadeiras. Embora teoricamente tenha direito a presidir comitês parlamentares importantes, ainda precisa do apoio de outros partidos.

Analistas ouvidos pela Reuters disseram que a medida da agência de espionagem pode aumentar o apoio ao AfD, porque reforçaria sua condição de “marginalização por partidos estabelecidos”.

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