O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), criticou publicamente a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da crise que envolve o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a forma como o ministro da Previdência, Carlos Lupi, é tratado no governo.
Em entrevista ao Estadão nesta quinta-feira, 1º, Heringer propôs que seu partido se afastasse da base de apoio ao governo. “Eu defendo essa posição [a saída da base]“, disse. “Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição. É claro que não depende só exclusivamente de mim, mas essa é a posição que defenderei.”
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Para o parlamentar, o Planalto tem adotado uma condução ambígua da crise. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo manteria Lupi no cargo, mas admitiu que “se houver algo no futuro, será afastado”. Horas depois, Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Junior para a presidência do INSS, sem consultar Lupi.
“A entrevista da Gleisi foi salomônica: ela fala que o governo vai manter o ministro e depois o presidente desqualifica o ministro fazendo a indicação do presidente do INSS sem ter conversado com Lupi antes”, criticou Heringer. “Se ele [Lula] acreditasse na nossa posição, chamaria o Lupi junto e indicariam juntos.”

O líder pedetista também cobrou responsabilidade do governo nas nomeações. Segundo ele, embora a indicação do presidente do INSS tenha partido de Lupi, a decisão final cabe à Casa Civil, o que torna o governo corresponsável.
“Na verdade, quem indica é o ministro, mas quem aprova é a Casa Civil”, explicou. “Lupi indicou, mas vocês assinaram embaixo. Essa responsabilidade é que o governo deveria entender que tem na indicação, e ter trabalhado junto conosco na defesa da posição do ministro. Isso é uma posição de extremo constrangimento.”
Entenda o escândalo do INSS
A crise ganhou proporções nacionais depois de uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelar um esquema de cobranças irregulares no INSS, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A investigação envolve 11 entidades associativas que ofereciam desde planos funerários até serviços de “marido de aluguel”.
Como consequência imediata, o então presidente do INSS — Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi — foi exonerado. Nesta quarta-feira, 31, a Justiça Federal autorizou a quebra de sigilo das comunicações de Stefanutto e de outros seis ex-dirigentes do órgão, todos suspeitos de envolvimento no esquema.

A pressão política também aumentou. No mesmo dia, a oposição protocolou um pedido para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as fraudes no INSS. A decisão de instalar ou não a comissão está nas mãos do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Durante audiência na Câmara, realizada na terça-feira, 29, Lupi se defendeu e afirmou que as fraudes ocorreram em gestões anteriores e que os responsáveis passaram a ser ser identificados.
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