Cientistas dizem encontrar outra fonte de ouro no universo

A origem do ouro no universo tem intrigado os astrônomos há décadas. Agora, cientistas identificaram uma nova pista nos dados arquivados de telescópios espaciais: as explosões de magnetares, estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremos, podem ter papel importante na formação de elementos pesados como o ouro.

A descoberta a possível nova fonte de ouro no universo foi publicada na última terça-feira, 29, no The Astrophysical Journal Letters, obtida pelo jornal CNN.

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“É uma questão bastante fundamental em termos da origem da matéria complexa no universo”, disse Anirudh Patel, doutorando na Universidade Columbia e autor principal do estudo. “É um quebra-cabeça divertido que ainda não foi realmente resolvido.”

Até então, os cientistas associavam a produção de ouro apenas às colisões de estrelas de nêutrons, como a observada em 2017 que gerou uma quilonova — evento comparado a uma “fábrica” de ouro espacial. No entanto, esse tipo de fusão seria relativamente recente na escala cósmica.

Cientistas
Magnetares já produziriam ouro no universo antes mesmo do Big Bang | Foto: Reprodução/Guillermo Ferla na Unsplash

Nova hipótese de ouro

Conforme o estudo, a nova hipótese é que magnetares — formados logo depois das primeiras estrelas, cerca de 200 milhões de anos depois do Big Bang — já produziam ouro muito antes.

Os pesquisadores analisaram um sinal registrado em dezembro de 2004 por telescópios como o Integral e o Rhessi, e descobriram que ele se encaixava nas previsões teóricas sobre a produção de elementos pesados por magnetares.

“Estrelas de nêutrons têm uma crosta e um núcleo superfluido”, explicou o coautor Eric Burns, da Universidade Estadual da Louisiana. “O movimento sob a superfície acumula tensão.”

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Bruns disse que “nos magnetares, esses terremotos estelares produzem explosões muito curtas de raios-X”. “E similarmente, de vez em quando, ocorre um terremoto particularmente poderoso”, acrescentou.

A hipótese é que essas explosões seriam capazes de ejetar material da crosta da estrela a altíssimas velocidades — condições ideais para a formação de elementos pesados. “Eles levantaram a hipótese de que as condições físicas dessa ejeção explosiva de massa eram promissoras para a produção de elementos pesados”, disse Patel.

Novo modelo teórico

O modelo teórico, desenvolvido em 2024, casou quase perfeitamente com o sinal observado nos dados de 2004. “Nenhum de nós poderia imaginar que nossos modelos teóricos se encaixariam tão bem nos dados. Foi uma temporada de festas muito emocionante para todos nós”, contou Patel.

Apesar do entusiasmo, a astrofísica Eleonora Troja, que liderou estudos sobre a colisão de estrelas de nêutrons em 2017, pondera: “A produção de ouro a partir deste magnetar é uma possível explicação para seu brilho de raios gama, uma entre muitas outras, como o artigo honestamente discute em seu final.”

Segundo a especialista, magnetares são “objetos muito confusos” e podem acabar produzindo elementos mais leves, como zircônio ou prata.

“Portanto, eu não iria tão longe a ponto de dizer que uma nova fonte de ouro foi descoberta”, disse Troja. “Em vez disso, o que foi proposto é um caminho alternativo para sua produção.”

A equipe acredita que explosões de magnetares podem ser responsáveis por até 10% dos elementos mais pesados que o ferro na Via Láctea. Uma nova missão da Nasa, o telescópio COSI, previsto para 2027, poderá ajudar a confirmar se esses eventos extremos realmente ajudam a forjar ouro no cosmos.

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