Matemático e doutor em direito canônico: a carreira acadêmica do papa Leão XIV

O novo papa é um matemático. Nascido Robert Francis Prevost, em 1955, Leão XIV é doutor em direito canônico, formado em Matemática e autor de estudos que examinam a probabilidade nas explicações sobre a existência de Deus e a tensão entre fé e ciência nos ensinamentos escolares.

Prevost estudou em escolas católicas dos Estados Unidos na adolescência. Ele concluiu o ensino médio em 1973, no seminário menor da Ordem de Santo Agostinho. Quatro anos depois, entrou na Universidade Villanova, na Pensilvânia, onde se formou em matemática em 1977, aos 22 anos. 

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A escolha da universidade não foi casual: de tradição agostiniana, a instituição se fundamenta na doutrina de Santo Agostinho, um dos principais Doutores da Igreja. Teólogo medieval do período da Patrística, ele defendeu a complementaridade entre fé e razão, na qual a fé abre o caminho para a razão, enquanto a razão pavimenta uma compreensão mais profunda da fé. 

Bispo Robert Prevost, no Peru, antes de se tornar papa
Bispo Robert Prevost, no Peru, antes de se tornar papa | Foto: Reprodução/ Redes sociais

No mesmo ano da graduação, Prevost se juntou à Ordem Agostiniana, da qual é membro até hoje. Em 1978, fez os primeiros votos, enquanto os votos solenes foram em 1981. No ano seguinte, ele concluiu o mestrado em Teologia na Catholic Theological Union, em Chicago, e foi ordenado sacerdote. 

Em seguida, Prevost foi para Roma, onde obteve licenciatura, em 1984, e doutorado, em 1987, em direito canônico, pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino. 

Em 2014, décadas depois de concluir sua graduação, recebeu o título de Doutor honoris causa em Humanidades da Universidade Villanova.

O papa também é poliglota. Além do inglês, Leão XIV é fluente em português, francês, italiano e espanhol.


Papa Leão XIV fez publicações científicas 

Ao longo da carreira, o agora papa dedicou-se ao estudo da filosofia da religião. Em uma de suas obras mais comentadas, analisa criticamente o uso do teorema de Bayes — ferramenta estatística que calcula probabilidades com base em dados novos — para justificar a crença em Deus. 

O alvo de sua crítica é o filósofo britânico Richard Swinburne, que usa o teorema como argumento central em sua defesa da hipótese teísta. Para Prevost, “o teorema de Bayes não pode ser usado para determinar os critérios que testam a probabilidade da hipótese teísta”.

Além de contestar a tentativa de explicar a existência de Deus por métodos científicos, Prevost também se opõe à visão causal estrita que ignora o propósito e o sentido moral do divino. Para ele, a teologia deve ir além dos limites da racionalidade formal e considerar a experiência humana, os valores e a história. Propõe, por isso, uma teologia que una lógica e intuição, razão e tradição.

Santo Agostinho | Foto: Reprodução

Em artigo publicado na revista acadêmica Journal of Church and State, em 1992, abordou o embate entre ciência e religião no ensino escolar nos Estados Unidos. Ali, defendeu que o espaço público não deveria marginalizar as visões religiosas e alerta para os riscos de um ensino que valorize exclusivamente as explicações científicas. 

Para Prevost, é possível — e necessário — tratar ciência e fé com equilíbrio no ambiente educacional. Ele alerta que, ao favorecer explicações científicas em detrimento das religiosas, o Estado poderia transmitir a mensagem de que só a ciência tem valor.

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