A eleição de Robert Prevost como papa Leão XIV reacendeu a curiosidade em torno dos cargos e títulos presentes na alta hierarquia da Igreja Católica. Antes de vencer o conclave rumo ao trono de São Pedro, Prevost foi bispo e depois cardeal, com assento de prefeito da administração central para os bispos, o dicastério, um dos mais importantes órgãos do Vaticano.
Mas o que diferencia um cardeal de um arcebispo? E como esses papéis se distinguem do de um bispo? Apesar de todos fazerem parte da estrutura de liderança da Igreja, suas funções e níveis de autoridade são bastante distintos. O mecanismo é tão complexo que muitos fiéis preferem nem tentar entender o emaranhado de funções e poderes que refletem o caráter político.
Bispo: autoridade local e pastoral
O bispo é a autoridade máxima em uma diocese, que é uma divisão territorial da Igreja. Ele é responsável por coordenar as atividades religiosas, pastorais e administrativas da região. O bispo é também o único membro do clérigo com autoridade para ordenar novos padres e diáconos. Como sucessor dos apóstolos, o bispo zela pela unidade da fé em sua área de atuação.
Sua missão é essencialmente local, voltada ao cuidado direto com as comunidades e paróquias sob sua responsabilidade. Já o arcebispo exerce a mesma função de um bispo, mas em uma arquidiocese, considerada uma diocese de maior importância por critérios históricos, demográficos ou estratégicos. A Arquidiocese de São Paulo, por exemplo, é uma das maiores do mundo.
Em alguns casos, o arcebispo também é “metropolitano”, ou seja, tem autoridade limitada sobre outras dioceses próximas — chamadas sufragâneas — que compõem uma província eclesiástica. Ainda assim, seu papel é mais de coordenação do que de executiva, de governo direto sobre essas dioceses.
O cardeal, por sua vez, não é um cargo pastoral, mas uma dignidade conferida diretamente pelo papa. Trata-se de um título honorífico e funcional. Os cardeais compõem o Colégio Cardinalício, que tem como principal missão eleger o novo papa em caso de vacância. Atualmente, o Brasil conta com oito cardeais.
A maioria deles também exerce funções administrativas no Vaticano, liderando departamentos como os dicastérios — equivalentes a ministérios da Santa Sé. Por isso, sua atuação tem impacto direto sobre os rumos da Igreja Católica em escala global.
Embora muitos cardeais também sejam arcebispos, especialmente de grandes arquidioceses, o título de cardeal é independente do cargo territorial. O papa pode nomear cardeal qualquer bispo, e até padres, embora nos tempos atuais seja comum que todos os cardeais sejam ordenados bispos antes da nomeação.
O cardeal Robert Prevost, por exemplo, era arcebispo emérito de Chiclayo, no Peru, antes de assumir um posto de destaque no Vaticano. Em 2023, foi ‘promovido’ a cardeal por Francisco e, agora, seus então pares o escolheram como novo pontífice depois de quatro rodadas de votação no conclave.
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O post Política na Igreja; como funciona a hierarquia católica apareceu primeiro em Revista Oeste.