Vacina já recomendada para idosos pode ajudar a prevenir demência

Pesquisadores encontraram evidências de que a vacina contra o herpes zoster reduz a incidência dos casos de demência. Isso porque, de acordo com o biólogo Fernando Reinach, PhD em biologia molecular pela Cornell University, dos EUA, vírus que atacam componentes do sistema nervoso, como do herpes zoster, contribuem para o aparecimento dos casos de demência — das quais o Alzheimer é o principal tipo.

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A descoberta dessa associação levantou a hipótese de que a vacina contra o herpes zoster poderia ajudar a reduzir os casos de demência. No entanto, testar essa ideia por meio de um estudo clínico tradicional seria quase inviável, pois exigiria separar aleatoriamente dois grupos de idosos, vacinar apenas um deles e acompanhar todos por uma década. 

“Um experimento quase impossível, uma vez que a vacina é hoje recomendada para todos os idosos e não seria ético deixar de vacinar um dos grupos”, explica Reinach. Entretanto, um grupo de pesquisadores aproveitou um experimento natural — isto é, que não foi desenhado em laboratório — para testar a hipótese. 

Vacina recomendada para idosos pode ajudar a prevenir demência
Fernando Reinach, PhD em biologia molecular pela Cornell University, dos EUA | Foto: Reprodução/X

Campanha de vacinação no Reino Unido ajudou a investigar relação com demência

Os cientistas aproveitaram uma política pública de vacinação no País de Gales, no Reino Unido. Em 1º de setembro de 2013, o sistema de saúde britânico passou a oferecer a vacina contra herpes zoster para todos os indivíduos com 71 anos ou mais, com base em uma data de corte específica: 2 de setembro de 1933. 

Assim, pessoas nascidas antes dessa data foram vacinadas imediatamente, enquanto as mais jovens tiveram que esperar até completarem 71 anos. Essa medida criou dois grupos distintos de forma não planejada: um vacinado e outro não vacinado, apenas por diferença de data de nascimento. Os dados das pessoas vacinadas referentes aos sete anos seguintes, dos 71 aos 79 anos, foram obtidos no serviço de saúde inglês.

A amostra total foi de 296.603 pessoas, metade em cada grupo. No grupo jovem demais para ser vacinado, apenas 0,01% recebeu a dose, enquanto no grupo elegível, 47% foram vacinados, a maioria logo depois do início da campanha. Ao acompanhar esses indivíduos por sete anos, foi possível comparar a incidência de demência entre os grupos.

Pesquisadores do Reino Unido encontraram relação entre o imunizante contra o vírus do herpes zoster e a prevenção do Alzheimer
O ator Ian McKellen tomando uma vacina no sistema de saúde britânico (NHS) | Foto: Reprodução/X

Os resultados mostraram uma redução de 20% nos casos de demência entre os vacinados, com o efeito um pouco mais acentuado nas mulheres. “Esse trabalho primoroso demonstra que a vacina contra herpes zoster reduz realmente os casos de demência entre os vacinados”, diz Fernando Reinach. “Mas, infelizmente traz pouca luz sobre os motivos dessa redução.”

O biólogo lembra que o aumento da longevidade continua sendo a principal causa do aumento dos casos de demência. Fatores hereditários e ambientais também influenciam no aparecimento, mas a causa real ainda é mal compreendida. 

Mesmo assim, conclui Reinach, o fato mais importante é que a vacina contra o herpes zoster já tem sido indicada para idosos, principalmente para prevenir as dolorosas erupções na pele causadas pelo vírus, e está disponível no Brasil. Agora, com essa nova evidência, existe mais um bom motivo para que a vacina seja tomada. 

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