Profeta climático fracassado

Quando citamos o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, a nossa primeira recordação sempre recai em seu filme, Uma Verdade Inconveniente, de 2006. Apresentado como se fosse baseado em fatos e em ciência climática de ponta, o filme se tornou um documentário difundido em vários lugares do mundo, especialmente nos países subdesenvolvidos. Contudo, a ciência ali, quando não distorcida, passou longe. E, assim, após quase 20 anos, o filme deveria ser reclassificado como um clássico de ficção científica, competindo com Um Dia Depois de Amanhã, A Invasão, O Dia em que a Terra Parou etc.

Como todo falso profeta, Gore pronunciou coisas das quais nunca teve domínio. Errou ou distorceu todas elas. Ele alegava que sua inspiração sairia de antigos professores, mas claramente suas falas foram tiradas de um roteiro, baseado no que seria publicado no Sumário Executivo do Quarto Relatório do IPCC (o Painel do Clima da ONU), em 2007. De fato, tal resumo de aproximadamente 25 páginas é altamente manipulado de forma a convencer os políticos pelo mundo de que a variabilidade climática é um “problema sério” — e que os humanos e suas atividades de produção são a causa. Dessa forma, conseguiu-se muito dinheiro, o qual foi gasto para se “consertar” o clima, fato este sempre inalcançável, o que mantém uma necessidade constante de que mais verbas e sacrifícios sejam exigidos permanentemente de toda a sociedade global. Assim, lá viria Gore, o garoto-propaganda oficial do IPCC, vender seu peixe podre. Afinal, ninguém lucrou tanto com esse assunto como ele, mas essa é uma outra história.

Quanto ao filme, suas bizarrices envolviam diversos assuntos: desde um punhado de ursos polares que, enquanto nadavam, afogaram-se por causa da passagem de um ciclone extratropical, até mesmo a inversão das curvas de estimativa da temperatura e concentração de CO₂, obtidas dos cilindros de gelo (conhecidos como testemunhos) da perfuração do lago Vostok, ponto próximo da estação homônima da Federação Russa no interior do continente Antártico. Nesse caso, causa e consequência foram invertidas e Gore se omitiu em apresentar os fatos, pois isso simplesmente desmoronaria a hipótese sem fundamento de que o dióxido de carbono controla as temperaturas — e, é claro, muito menos o “clima da Terra”, seja lá o que for isto de achar que planeta tem clima.

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Contudo, um dos pronunciamentos mais ridículos fora o derretimento completo das calotas polares, especialmente o Ártico, no Polo Norte, já para o início da segunda década do século 21, como o tão difundido ano de 2012, na época. Al Gore dizia haver “uma chance de 75% de que toda a calota de gelo do Polo Norte, durante alguns meses de verão, pudesse desaparecer”, ficando completamente livre de gelo “nos próximos cinco a sete anos”. Gore ainda afirmara que o nível médio do mar — NMM — subiria 6 metros, de maneira a confundir as grandezas físicas apresentadas no Sumário para Executivos do IPCC, onde um dos cenários mais drásticos registrava 59 centímetros para o ano de 2100.

Os vários problemas das profecias de Al Gore

O gelo se mostrou o principal problema das profecias de Gore, como discípulo dos sacripantas do IPCC. Em 2006, ele profetizou: “Não haverá mais neve no Kilimanjaro dentro de uma década”, referindo-se à elevação mais alta da África, com 5.895 metros de altitude. O monte, localizado ao norte da Tanzânia, região fronteiriça com o Quênia, continua a apresentar-se tradicionalmente coberto de neve em seu cume, seguindo fielmente o fator climático da altitude, mesmo que o fator latitude seja totalmente desfavorável. Afinal, ele se localiza próximo ao Equador, a pouco mais de 3º de latitude sul.

Gore disse que em apenas uma década não haveria mais neve no topo do Monte Kilimanjaro. Quase duas décadas após a sua profecia, lá vemos a majestosa montanha totalmente coberta. Foram várias as postagens na internet mostrando uma pequena expedição seguindo pela trilha via Tanzânia, mas a do senhor Ali Mohamed, enviado especial para o Clima no Quênia, cargo ligado diretamente ao presidente do país, chamou atenção.

Em postagem de 9 de janeiro de 2025, Mohamed relatou sua experiência: “O cume do Monte Kilimanjaro ontem estava incrivelmente lindo, com neve espessa cobrindo literalmente todos os lugares. Uma tempestade de neve começou a cair sobre nós desde Gillman’s Point (5.685 metros ou 18.652 pés) até o pico Uhuru (5.895 m ou 19.341 pés), cerca de duas horas de subida, e não era possível enxergar além de 10 metros. Em Gillman’s, tivemos de colocar grampos de gelo nos calçados. A neve espessa cobria a rota da trilha e era impossível navegar sem os experientes guardas tanzanianos que nos ajudaram a encontrar o caminho durante a subida e a descida perigosas. Foi uma experiência incrível e um espetáculo para ser visto”.

Mais fracassos

Essa não foi a única postagem sobre o Monte Kilimanjaro e muito menos sobre o mar congelado do Ártico nestes quase 20 anos — mas, em todas, a situação é análoga. Variações na cobertura do gelo do Ártico são conhecidas há mais de 50 anos com grande acurácia, e as séries de dados mais diretos têm cerca de cem anos. Existem vários ciclos de aumento e diminuição da cobertura, conforme se passam os anos, pela ação da alta frequência desta variabilidade interanual. A alternância é oriunda de um fenômeno de baixa frequência, que causa a redistribuição de calor entre trópicos e polos. Essa situação é mais marcante como uma característica específica do Hemisfério Norte.

Quanto ao Monte Kilimanjaro, sua recarga de neve deve-se muito aos ciclos de umidade que ocorrem na base do monte e na região adjacente na escala regional. As imagens apresentadas por Gore no filme relatavam uma diminuição da cobertura gelada do monte no passar do tempo. O filme relacionava esse cenário com a fantasiosa elevação da temperatura global. Contudo, a verdade é esta: houve um estresse hídrico que causou a redução de umidade no século 19, ou seja, quase cem anos antes, quando certamente não existia a indústria e a agricultura no expoente que tínhamos no fim do século 20, época das imagens finais.

Outros ciclos de componentes interanuais também são responsáveis pela reposição de neve devido ao transporte de umidade proveniente do Oceano Índico Tropical, a leste da posição do monte, pois este está a somente 278 quilômetros do mar, em linha reta em sentido a Mombaça, Quênia. Durante o período de verão no Hemisfério Sul, a circulação dos ventos de leste contribui para prover uma carga significativa de umidade que, ao ser forçada a “cavalgar” a elevação, como diria o saudoso geógrafo e climatologista José Bueno Conti, acaba por resfriar-se, precipitando grande carga de neve sobre a elevação.

Logo, nunca houve derretimento do gelo no Monte Kilimanjaro por causa de “aquecimento global” ou emissão de CO₂, mas por falta de reposição de neve por variações dos padrões de umidade, velha conhecida da Climatologia real. Este é um ponto interessante a se comentar, pois os efeitos em geleiras, na maioria das vezes, são decenais ou seculares, conforme o tamanho, tipo de estrutura e, essencialmente, localização. Portanto, não se pode fazer “previsões” simplesmente avaliando uma série de imagens selecionadas, admitindo a priori que o fenômeno siga somente em um sentido, especialmente quando se conhece ou se suspeita que existam padrões oscilatórios. O mesmo deveria valer para as simulações realizadas em seus modelos que seguem “rumo ao infinito e além”.

Quanto ao Monte Kilimanjaro, sua recarga de neve deve-se muito aos ciclos de umidade que ocorrem na base do monte e na região adjacente na escala regional | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Quanto ao Monte Kilimanjaro, sua recarga de neve deve-se muito aos ciclos de umidade que ocorrem na base do monte e na região adjacente na escala regional | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Ainda assim, dizem que o IPCC faz “ciência consolidada”, utilizando essa porcaria até mesmo em tribunais, quando a única coisa que o órgão da ONU faz é divulgar uma compilação dos ensaios gráficos que lhes são favoráveis à sua causa ambiental-climática. Esses cenários são realizados em computadores, através de modelos climáticos que não sabem simular os diversos climas da Terra. Precisamente, ao contrário, pois se baseiam em uma premissa falsa, em que a atmosfera trabalha como uma estufa. Além disso, reduz toda a complexidade climática ao parâmetro abjeto da “temperatura do ar global média” e sua falsa relação com o gás CO₂.

Passados já 38 anos, o mar não subiu, o gelo está lá, as temperaturas continuam a variar entre os anos, a contagem dos ciclones tropicais também permanece oscilando muito próxima de suas médias históricas e uma gama enorme de fenômenos passou a ser mais bem registrada. Em outras palavras, a natureza continuou sendo a natureza, da mesma forma de sempre.

Percebemos, então, que a única coisa em que o Al Gore estava certo foi estar errado em tudo!

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