A CPI das Apostas Esportivas, batizada em Brasília de “CPI das Bets”, mergulhou de vez no terreno de acusações de propina, tráfico de influência e relações obscuras entre políticos e lobistas.
O convite do lobista Silvio de Assis, pedido pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), mudou o ambiente montado para ouvir a influenciadora Virginia Fonseca, na terça-feira 13. Até então, a comissão caminhava entre selfies e discursos genéricos.

Girão recordou denúncias de que o lobista é peça-chave de um suposto esquema de extorsão contra empresários do setor de apostas. O plano, segundo ele, seria simples: empresários pagam para não serem convocados pela CPI. Em troca, recebem o benefício da invisibilidade — não precisam aparecer nem prestar contas.
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Oeste confirmou que o nome de Silvio de Assis apareceu numa reunião entre o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no ano passado. O tema do encontro: denúncias de achaque a empresários ligados ao setor.
Segundo relatos de parlamentares, há indícios de que requerimentos da CPI estejam sendo direcionados de forma seletiva. Em outras palavras: quem paga, não vai. Parte do dinheiro, conforme as acusações, seria repassada a senadores envolvidos no esquema.
O nome da senadora Soraya Thronicke (União-MS), relatora da CPI, surgiu no centro das denúncias. De acordo com um relato de Silvio de Assis, repercutido por Girão, a senadora teria usado o lobista para pedir R$ 40 milhões. O objetivo seria o mesmo: evitar a convocação de empresários ligados às casas de apostas.
Soraya foi citada
“A senadora Soraya é uma das citadas”, declarou Girão. “Através desse lobista, teria pedido R$ 40 milhões para não vir depoente de casas de apostas aqui.”
Soraya nega as acusações. Disse ainda apoiar a oitiva do lobista e afirmou que vai subscrever o requerimento de Girão.
“A situação fica mais complicada com a relação entre a relatora da CPI e o lobista Silvio de Assis”, denuncia Girão, no texto do requerimento. “A senadora, inclusive, admitiu conhecer o lobista. Soma-se a isso o fato de que dois parentes de Silvio de Assis, sua irmã e seu genro, chegaram a ocupar cargos de assessoria no gabinete da senadora relatora dessa CPI das Bets.”

David Vinícius Oruê de Oliveira, genro do lobista, ainda consta entre os assessores da parlamentar.
Presidente da CPI das Bets não quer pautar requerimento
Durante a sessão que ouviu Virginia Fonseca, o presidente da CPI, Hiran Gonçalves (PP-RR), disse que o caso é da competência da Polícia Federal. A reportagem procurou os gabinetes da relatora e do presidente do colegiado sobre a inclusão do requerimento em pauta.
“A senadora Soraya aguarda com urgência o posicionamento do presidente da Comissão para que os requerimentos sejam apreciados”, afirmou a assessoria da parlamentar, em nota. “Reforça, ainda, que não tem nada a esconder e que seguirá trabalhando com transparência, ética e comprometimento com a verdade.”
O presidente da Comissão ainda não respondeu. O espaço segue aberto.
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