Zema vê Bukele como exemplo a ser seguido e defende união da direita contra o PT

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou em entrevista ao Arena Oeste desta quinta-feira, 22, que pretende visitar El Salvador para conhecer de perto o modelo de segurança implementado pelo presidente Nayib Bukele.

Segundo Zema, “a criminalidade em El Salvador caiu 98% em quatro anos, com uma medida muito simples: bandido preso”. Ele classificou o projeto como “o programa de combate ao crime mais bem-sucedido da história da humanidade”.

Durante a conversa, conduzida pelos jornalistas Silvio Navarro, Branca Nunes, Denise Campos de Toledo, Fábio Zanini e Carlo Cauti, Zema reafirmou seu posicionamento crítico ao Partido dos Trabalhadores (PT) e declarou ter recebido um Estado “arruinado, arrasado, destruído pelo PT”.

O governador afirmou que, durante a gestão petista, houve casos de prefeitos que “renunciaram, adoeceram e até se suicidaram” diante da ausência de repasses constitucionais e da precariedade dos serviços básicos, como merenda escolar e fornecimento de medicamentos.

Zema destacou que sua gestão tem promovido austeridade e reformas, como a extinção de 50 mil cargos públicos considerados desnecessários, a redução de secretarias de 21 para 14, e a eliminação de privilégios. “Um Estado quebrado não pode ter um governador morando num palácio”, disse.

Ao comentar o uso de recursos públicos pela Presidência da República, criticou o que chamou de “aberração” no comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja. “Na minha opinião, deveríamos tratar o Estado como algo que, a todo gasto, você está tirando dinheiro de quem está passando fome”.

O governador acusou o governo Lula de manter um tratamento hostil a Minas Gerais, ao citar a má conservação de rodovias federais como exemplo de negligência. “Na virada do ano, tivemos 29 óbitos”, denunciou. “Parece que tem uma birra com Minas Gerais.”

Em outro momento, relatou ter cancelado a participação em um evento com a farmacêutica Novo Nordisk depois de, segundo ele, saber que o governo federal organizou a presença de manifestantes hostis. “Pagam sanduíche, pagam passagem para a companheirada”.

Zema também mencionou uma operação da Polícia Federal em uma empresa de sua família como possível indício de perseguição política. “Em 102 anos, nunca entraram lá com força policial”. Sobre o presidente Lula, criticou: “É um governo revanchista, não só com os adversários, como com os avanços que o Brasil fez também”.

Zema propõe endurecimento do combate ao crime

Zema também defendeu o endurecimento no combate à criminalidade e afirmou que em seu governo “invadir propriedade privada é crime”. Criticou o modelo atual da audiência de custódia, que segundo ele, tem “dado espaço pra bandido agir” e liberado reincidentes.

Propôs tratar o crime organizado como organização terrorista e defendeu a ideia de estadualização das leis penais, como sugerido por outros governadores. “Eu sou favorável, sim, [porque] dá mais autonomia aos Estados”.

Perguntado sobre a união da direita para as eleições presidenciais, Zema afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro “é o maior nome da direita do Brasil” e que, caso esteja elegível, será “o candidato natural da direita”. No entanto, mostrou-se disposto a participar do movimento conservador. “Precisamos tirar o PT. […] Estarei com a direita trabalhando muito”.

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O governador também rechaçou mudanças em seus princípios. “Continuo a mesma pessoa, não mudei a minha vida em nada”. Declarou-se conservador em temas como aborto, ideologia de gênero e drogas. “Sou contrário também a uso, a tráfico, a porte de drogas”.

Sobre o Supremo Tribunal Federal, Zema afirmou que o órgão está “extremamente politizado” e “prioriza julgamentos ligados à política”, enquanto processos relevantes, como os relacionados à tragédia de Mariana, permanecem parados.

Manifestou-se a favor da anistia aos presos por atos relacionados ao 8 de janeiro e, quando questionado se indultaria Bolsonaro, caso eleito presidente, respondeu afirmativo: “Por um motivo muito simples: acho que nós temos que olhar para o futuro”.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) | Foto: Reprodução/Twitter/X
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) | Foto: Reprodução/Twitter/X

Zema negou pretensões de adotar um “choque” econômico à la Javier Milei, mas disse ser necessário conter a “gastança”, combater a corrupção e reformar o Estado. Sobre ser comparado ao presidente argentino, declarou que “as ideias são semelhantes, mas talvez a maneira de implantação, como eu sou mineiro…”, brincou.

Embora evite confirmar oficialmente uma candidatura, Zema admite que tudo dependerá das decisões partidárias. Disse apoiar seu atual vice, Mateus Simões, como sucessor no governo mineiro. Também demonstrou confiança na capacidade da direita se unir em eventual segundo turno. “Se ela não caminhar unida em primeiro turno, ela vai caminhar unida em segundo turno”.

Ao final, Zema reiterou sua intenção de trabalhar para afastar o Partido dos Trabalhadores do poder e promover uma alternativa de direita que, segundo ele, valorize gestão, eficiência e princípios conservadores.

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