Com Bretas, punições administrativas na Lava Jato chegam a 10

Com a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de aposentar compulsoriamente o ex-juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, já são dez integrantes da Operação Lava Jato alvo de punições administrativas.

Bretas recebeu a sanção mais grave prevista, depois de ser alvo de investigações em três processos. Ele se junta a outros magistrados e procuradores que tiveram condutas questionadas pelo CNJ ou pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

Entre 2014 e 2017, a Lava Jato ganhou destaque como a maior ação de combate à corrupção no Brasil. A operação revelou desvios em estatais, como a Petrobras, em movimentos que envolveram políticos de vários partidos. No entanto, ela foi alvo de críticas por supostos abusos e violações legais.

Desde 2018, os conselhos passaram a apurar a conduta dos participantes, fato que resultou em punições, arquivamentos e mais de 20 processos disciplinares ainda em andamento.

Moro e os caminhos dos envolvidos

Sérgio Moro chama ministro da Justiça de 'campeão em soltar presos'; Lewandowski recebe críticas também de associação que representa os delegados da PF | Foto: Reprodução/Twitter/X/@SF_Moro
O senador e ex-juiz Sérgio Moro | Foto: Reprodução/Twitter/X/@SF_Moro

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, esteve à frente da Lava Jato, mas não recebeu sanção do CNJ. Ao todo, houve o arquivamento de 31 processos contra ele. Como pediu exoneração do cargo, Moro deixou de ter vínculos com o CNJ.

No caso de Marcelo Bretas, o CNJ decidiu por unanimidade, na terça-feira 3, pela aposentadoria compulsória. Ele estava afastado desde 2023, acusado de negociar penas, pressionar investigados, direcionar delações, interferir em eleições e cometer abusos funcionais.

Leia mais: “No país da piada pronta, contar piada dá cadeia”, artigo de Eliziário Goulart Rocha publicado na Edição 272 da Revista Oeste

Ele manterá os proventos proporcionais ao tempo de serviço, e sua defesa pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nas redes sociais, Moro defendeu Bretas e sugeriu pena mais branda.

O ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo) também trilhou caminho político, mas teve destino diferente do de Moro. Ele recebeu sanções por duas vezes, entre 2019 e 2020, com advertência por criticar o STF em entrevista e censura por publicações contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) no X.

Outros punidos da Lava Jato

Outros integrantes da força-tarefa também receberam punições. O procurador Eduardo El Hage, então coordenador da Lava Jato no Rio, recebeu a punição de afastamento por 30 dias, depois de ser acusado, junto com outros dez profissionais, de divulgar informações sigilosas. Apenas El Hage e Gabriela Goes, responsável pela publicação no site do MPF, foram punidos. O processo disciplinar deve prescrever ainda em 2025 e está parado desde agosto de 2023.

Entre os magistrados, o afastamento temporário foi a sanção mais comum. Os desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima, do TRF-4, além dos juízes Gabriela Hardt e Danilo Pereira, que sucederam Moro em Curitiba, foram afastados em 2024. O CNJ apontou desvio de recursos de acordos para a Petrobras e descumprimento de decisões do STF, mas depois reviu a decisão.

Leia também: “A censura bate à porta”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 271 da Revista Oeste

O juiz Eduardo Appio, também de Curitiba, foi afastado em 2023 sob suspeita de ameaçar o filho de um desembargador do TRF-4 e ainda não retornou ao cargo. Fora do âmbito dos conselhos, o desembargador Francisco Barros Dias, do TRF da 5ª Região, chegou a ser condenado a 38 anos de prisão por suposta venda de sentenças relacionada à Lava Jato, mas foi absolvido em 2023.

O post Com Bretas, punições administrativas na Lava Jato chegam a 10 apareceu primeiro em Revista Oeste.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.