A polarização política que inquieta especialistas por sua persistência não é o mesmo fenômeno da polarização social. Faz diferença a dimensão afetiva, em que episódios de vida são mais reveladores do que conceitos. Assim, um indivíduo convicto do momento de “pacificação” decide aproximar-se do vizinho percebido como pacato, respeitoso, mas de quem se diz votar no lado violento. Na afabilidade da piscina condominial, aborda-o com tato, a resposta é tranquila: “Sim, sou bolsonarista, mas do bem”. Acrescenta: “Isso existe”.
O fato é real, recente, ao pé-da-letra. Vale cotejá-lo com um outro, relativo ao zap-grupo, também declaradamente bolsonarista, de uma mesma profissão pública. Um deles posta uma mensagem segundo a qual importante figura da República teria sido flagrada com cocaína. Ninguém acredita, porém. Não é verossímil para o perfil em questão. Depois de alguma ponderação, o autor admite ser fofoca. Arremata: “Mas daria uma excelente fake news”.
Leia mais (01/27/2024 – 13h30)