Folha: bravatas de Lula contra o Banco Central criam insegurança

Com a decisão de elevar os juros para 10,75% ao ano, o Banco Central deu prosseguimento à guinada da política monetária que começou há quatro meses no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que afirma o jornal Folha de S.Paulo em seu editorial desta sexta-feira, 20.

Não está claro ainda quais serão os próximos passos da autarquia nesse processo, sem dúvida doloroso para a economia, mas ao menos a instituição se fortaleceu no período.

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O jornal relembra a reunião Comitê de Política Monetária (Copom) de maio deste ano, quando se temeu pelo pior depois de um racha perigoso no colegiado — os quatro diretores indicados pelo governo Lula se opuseram à decisão de reduzir o ritmo de cortes da Selic devido ao risco de alta da inflação.

“Vislumbrou-se, ali, o temor de que um Copom de maioria indicada pela administração petista — como será o caso a partir de 2025 — viesse a ser mais subserviente às conveniências políticas imediatistas e às convicções econômicas arcaicas de Lula”, destacou a Folha.

De lá para cá, todo o comitê tratou de dar mostras de compromisso com a meta de 3% ao ano fixada para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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“A decisão desta quarta-feira, 18, parece um cala-boca direcionado aos que apostaram num BC “político” e leniente com a inflação”, diz a publicação.

O ciclo de queda da Selic foi sustado e, agora, começa um novo ciclo de alta, de duração e intensidade ainda difíceis de projetar a partir das indicações oficiais. O cenário atual, infelizmente, justifica a providência amarga.

Lula aumenta gastos e projeção de inflação sobe

A atividade econômica está em crescimento acima do esperado com impulso da expansão desmesurada dos gastos do governo Lula, o que não é sustentável. Prova disso é que as projeções para a inflação até 2026 estão acima da meta.

O presidente do BC tem mandato até 31 de dezembro de 2024 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente do BC tem mandato até 31 de dezembro de 2024 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A única boa notícia para o BC foi a decisão de seu congênere americano, o Fed, de reduzir seus juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%. Com isso, cai a atratividade das aplicações em dólar, cujas cotações perdem impulso de alta.

“O contraste entre as medidas tomadas no mesmo dia nos Estados Unidos e aqui, ambas com sólido amparo técnico, evidencia o enorme avanço institucional propiciado pela autonomia da autoridade monetária brasileira — cuja medida corajosa deixa para trás as pressões e diatribes do presidente da República”, afirma a Folha.

“Lula insistiu tolamente em ataques bravateiros aos juros e à autonomia, como se fosse capaz de baixar as taxas à base de voluntarismo”, acrescenta o jornal. “Tudo o que conseguiu foi semear desconfiança, alimentar a escalada do dólar e dificultar o combate à inflação.”

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Viu-se forçado a recuar, sob pena de criar uma crise econômica antes de chegar à metade de seu terceiro mandato.

Com a transição de comando no BC bem encaminhada, prevaleceu o entendimento de que uma gestão imune a ingerências políticas é capaz de zelar pela estabilidade da moeda a um custo mais baixo.

“Resta ao governo entender que sua melhor contribuição para a queda dos juros é indicar, com atos concretos, seu compromisso com o ajuste do Orçamento”, conclui o texto.

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