O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o valor de R$ 170 bilhões, de um acordo de reparação relacionado ao desastre de Mariana (MG), seriam suficientes “para passar um bom fim de semana”. O ministro deu a declaração durante sessão da Corte, que visava a homologação do acordo, na quarta-feira 6.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a fala gerou reações negativas entre os afetados pela tragédia. O acordo ocorreu entre mineradoras e governos. Barroso mencionou que não entrou no mérito do acordo por causa da adesão ser voluntária.
“Portanto, quem estiver satisfeito adere, quem não estiver satisfeito vai brigar por conta própria”, disse o presidente do STF.
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A tragédia de Mariana, ocorrida em novembro de 2015, resultou na morte de 19 pessoas e no despejo de 43,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente. O desastre impactou o ecossistema e a vida de muitos moradores da região.
Pessoas diretamente impactadas pelo desastre criticaram a declaração de Barroso. A assessora técnica Monica Santos, que perdeu sua residência em Bento Rodrigues (MG), afirmou que “ele jamais poderia ter feito uma declaração dessas”.
“O acordo não levou em consideração tudo o que a gente vem passando nesses nove anos”, afirmou Monica à Folha. “A minha família continua sem casa, minha família continua sem ser indenizada. As pessoas que estão decidindo sobre nossa vida nem sequer nos ouviram.”
Barroso foi insensível, diz vítima do desastre
Edertone José da Silva, empresário de Governador Valadares (MG), também criticou o ministro. Ele descreveu a fala de Barroso como “irônica e insensível”. Silva perdeu sua empresa de extração de areia depois do desastre e, assim como Monica, busca reparação na Justiça do Reino Unido, rejeitando o acordo firmado no Brasil.
Ambos são representados pelo escritório britânico Pogust Goodhead e alegam que as decisões sobre suas vidas foram tomadas sem a devida consulta às vítimas. Em resposta às críticas, Barroso, por meio da assessoria do STF, afirmou que suas palavras não foram direcionadas às vítimas.
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“Queria, em nome do tribunal, mandar uma mensagem de carinho e de solidariedade às vítimas do acidente do rompimento da barragem do Fundão em Mariana, Minas Gerais”, informou a assessoria de Barroso à Folha. “Pessoas que perderam suas casas, seus pertences e suas memórias, eu diria. Dinheiro, por evidente, não é suficiente para construir tudo ou reconstruir tudo o que se perdeu, mas é muitas vezes a compensação possível. É o máximo que a gente pode fazer a essa altura.”
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