Em editoriais publicados no sábado 9 e neste domingo, 10, os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo criticaram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela alta da inflação e a política econômica da gestão petista.
A última leitura do IPCA, referente a outubro, mostra alta da inflação acumulada em 12 meses para 4,76% —acima do intervalo de 1,5 ponto percentual ao redor da meta oficial de 3%. Na trajetória atual, o índice de preços pode fechar o ano acima de 5%.
Esse valor supera a meta oficial de 3%, e as projeções indicam que o índice pode fechar o ano acima de 5%. O fortalecimento do dólar tem impactado os preços das matérias-primas, incluindo alimentos, que subiram 6,65% em um ano. Além disso, a inflação no setor de serviços, conhecida por sua persistência, apresenta taxas elevadas, variando de 5% a 6% ao ano.
De acordo com a Folha, o excesso de gastos do governo impulsiona a demanda além da capacidade produtiva, fragilizando as contas do Tesouro Nacional. A desconfiança sobre a trajetória da dívida pública desvaloriza o real e eleva as taxas de juros. Recentemente, o Comitê de Política Monetária aumentou a taxa Selic para 11,25% ao ano.
“Lula, agora em seu terceiro mandato, ainda acredita que o aumento dos gastos públicos é um caminho viável para o desenvolvimento, apesar dos riscos demonstrados pela experiência passada, incluindo a gestão de sua correligionária, Dilma Rousseff”, afirma a Folha.
O jornal destaca que, com a alta do dólar, o excesso de gastos e o aumento da inflação, as tendências econômicas são preocupantes. “Não tardará para que o arrocho monetário forçado pela imprevidência do governo asfixie empresas e famílias”, acrescenta a publicação. “O pior cenário é novamente o país ser aprisionado na nefasta combinação de inflação e recessão”.
“A agenda petista até aqui se resumiu a elevar impostos […] Não é mais possível persistir apenas nesse rumo. Se Lula não aceitar um programa crível de controle de gastos, vislumbra-se deterioração econômica continuada no restante de sua gestão”.
Governo Lula precisa convencer cidadãos de que está compromissado com a política fiscal, avalia Estadão
O Estadão, por sua vez, acredita que o governo Lula está devendo ao País o convencimento de seu compromisso com o orçamento fiscal. A gestão, no entanto, frustrou as expectativas dos cidadãos com o “adiamento injustificável” do pacote de cortes de gastos.
A publicação ressalta que uma notícia atribuída ao Ministério de Minas e Energia (MME), divulgada dois dias antes do IPCA, afirmou que a bandeira tarifária de energia elétrica será verde em dezembro.
O aumento da conta de energia foi o principal impacto no IPCA, subindo 4,74% em outubro, quando estava em vigor a bandeira vermelha patamar 2, a mais alta.
Futuro incerto
Para o Estadão, é difícil prever o que ocorrerá no fim deste ano, visto que a definição da bandeira tarifária cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com a análise de parâmetros hídricos específicos, e não ao MME, que está em atrito com o órgão regulador.
O editorial ainda critica a falta de ação do governo Lula diante das demandas da população. “Intervenções desnecessárias como esta são constantes e aumentam a percepção de que no governo Lula há uma crença generalizada de que qualquer condição pode ser criada artificialmente para se chegar ao objetivo desejado”, avaliou.
“Se o governo quer aumentar o crédito e o consumo, que o Banco Central baixe os juros; se quer elevar gastos, que se retirem alguns itens do limite de despesas; se quer mais investimentos em serviços públicos, que se obrigue empresas privadas a fazê-los”, diz o Estadão.
Na visão do jornal, o comportamento dos preços deixa claro que esta não é a realidade. As altas já alcançam 62% dos produtos pesquisados. Segundo o Estadão, se não mudar rápido de rota e entregar o prometido pacote fiscal, o governo vai colher taxas de juros ainda mais elevadas.
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