Oposição se une em torno de Israel para vencer Lula nas próximas eleições

A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está se unindo para derrotar o atual governo nas próximas eleições. Um dos principais fatores para a integração destes setores, basicamente de direita e de centro-direita, é a política externa da atual gestão, principalmente no que se refere a uma postura hostil em relação a Israel.

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Tal aliança ficou nítida e declarada no jantar da 55ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil (Conib), realizado no sábado 23, no clube Hebraica, na capital paulista. Entre os presentes estavam os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Claudio Castro (PL-RJ).

“Sabemos como nos unir e ganhar as próximas eleições”, afirmou Caiado, que já se anunciou como um dos candidatos, mas se colocou aberto a negociações para a formação de uma chapa ideal. “Não tenho essa pretensão de me impor como candidato a presidente”, disse Caiado a Oeste. “Há vários nomes fortes que podem fazer frente ao atual governo.”

Ele se referia à fala do presidente da Conib, Cláudio Lottenberg, que, pela primeira vez, falou de forma enfática contra a ideologia e conceitos do atual governo, criticando programas assistencialistas e defendendo o estímulo ao emprego e à renda da população como o verdadeiro motor para o desenvolvimento do Brasil.

No discurso, Lottenberg, em tom de desafio, admitiu não ter feito nenhum tipo de convite ao atual presidente da República, sem citar seu nome.

“Quando me perguntaram, Gilberto [Kassab, presidente do PSD], se eu havia convidado o presidente para estar presente, a resposta foi não”, declarou Lottenberg. “Mas posso dizer que o futuro presidente do Brasil está nessa sala”, completou, recebendo calorosos aplausos.

Caiado, no entanto, não confirmou que a fala se referia a ele. Deixou aberta a possibilidade dela também ser direcionada ao atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, outro que tem defendido Israel diante das críticas do presidente à política do país. Lula, inclusive, depois de ter comparado, em fevereiro, o governo israelense aos nazistas na Segunda Guerra, provocou uma crise diplomática que culminou com a retirada do embaixador brasileiro de Israel.

O governo também barrou, de forma inconstitucional, segundo alguns especialistas, a licitação para a venda de obuses produzidos pela israelense Elbit, que nem pertence ao governo, para o Exército brasileiro. A postura do governo Lula foi revelada pelo ministro da Defesa, José Múcio, durante evento em outubro na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel”, disse Múcio. “Mas, por conta da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar.”

Ideal da justiça

Todas estas atitudes, além de outras ligadas à economia e a conceitos tidos como estatizantes, têm servido para fortalecer a união da oposição contra o governo do PT.

Caiado, inclusive, citou a viagem que fez, ao lado do governador Tarcísio, em março de 2024, a Israel, para conhecer de perto os resultados da brutalidade cometida pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

“Fomos recebidos pelo presidente Isaac Herzog e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu”, afirmou Caiado. “Tanto o governador Tarcísio quanto eu tivemos a oportunidade de pedir desculpas ao povo judeu pela infelicidade de uma fala recente do presidente Lula, que comparou de forma inadequada a reação de Israel à de outros povos [referindo-se ao governo nazista].”

Caiado demonstrou estar insatisfeito com a postura vista como inadequada do governo, que, na visão dele, tem escolhido o lado errado da história. Os defensores de Israel consideram que o país não visa a civis em sua retaliação e tem o direito à autoproteção.

“As declarações [de Lula] são preocupantes quando nós estamos vendo a que ponto se chega um presidente de uma nação”, afirmou o governador de Goiás, que, em trecho seguinte, prosseguiu, ao destacar a contribuição do país judaico para o mundo.

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“Sabemos da evolução que a nação judaica obteve em termos do avanço da pesquisa, da ciência, da tecnologia, da inovação, buscando cada vez mais distribuir melhor qualidade de vida, mais anos de saúde, mais condições de inovação e de tecnologia chegando a todos no mundo inteiro e, de repente, essa situação tomou um lado ideológico, obscuro.”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ressaltou que “Israel é uma referência para todos nós”.

“Não vamos tolerar o antissemitismo, vamos garantir a segurança dessa comunidade que só soma conosco, que gera emprego, que gera o bem, que contribui com a saúde por meio da atuação social do hospital Albert Einstein. Estaremos aqui, somando esforços com a comunidade judaica de todo o país”. 

Cláudio Castro, governador do Rio, reforçou o discurso contrário ao atual governo federal e aos que tornam, neste contexto, secundárias as barbáries cometidas pelo Hamas, que, em 7 de outubro, matou cerca de 1,2 mil pessoas em Israel e sequestrou 251.

“Não tenho dúvida de que nessa sala aqui, nesse ambiente, cada um em seu lugar, cada um em seu local nacional, na sociedade, atua para que o ideal da justiça, da verdade e do amor nunca seja destruído por aqueles que querem praticar terrorismo.”

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