Derrite critica fala de Lewandowski sobre policiais: ‘Absurdo’

Em discurso na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo nesta sexta-feira, 21, o secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, criticou a recente declaração do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a atuação policial no Brasil.

Durante um evento com parlamentares e autoridades das forças de segurança, Derrite classificou a fala do ministro como “absurda” e afirmou que a polícia paulista tem obtido resultados históricos no combate ao crime, mesmo diante de problemas estruturais.

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A polêmica começou quando Lewandowski declarou que “a polícia prende muito mal”, argumento que, segundo ele, justificaria a soltura de criminosos pela Justiça. Derrite rebateu essa afirmação ao citar números recordes de prisões e operações bem-sucedidas realizadas pelas forças de segurança paulistas.

“Estamos prendendo muito mal os mais de 389 mil criminosos que os nossos policiais prenderam?”, indagou o secretário. “Ou as 16 vezes que aquele criminoso foi preso? Acho que nós é que estamos errados. Será que é isso? A gente sabe que não é.”

Derrite critica a Justiça brasileira

Derrite reforçou que um dos principais gargalos da segurança pública no Brasil não é a atuação policial, mas sim as falhas na legislação e no sistema judiciário, que frequentemente resultam na soltura de criminosos reincidentes.

Ele citou um caso ocorrido em Itaquaquecetuba, onde quatro sequestradores foram presos em flagrante, mas liberados na audiência de custódia depois de uma das criminosas alegar ter sido agredida pelos policiais.


“Para isso, os policiais fizeram exame de corpo de delito, nos quatro, e nenhum arranhão foi constatado em nenhum deles”, relatou. “Mas a palavra de uma sequestradora convenceu o juiz a liberar os quatro.”

O secretário também criticou o sistema de saídas temporárias de presos, ao mencionar o caso do sargento Roger Dias, assassinado por um criminoso que estava em liberdade graças ao benefício. “O país clama por mudança na legislação”, disse. “Prendemos em dois anos, batemos todos os recordes anteriores, e detalhe, com o menor efetivo da história.”

Resultados expressivos na segurança pública

Ao longo de seu discurso, Derrite enfatizou que os números não deixam dúvidas sobre a eficiência da polícia paulista. Ele destacou que São Paulo atingiu a menor taxa de homicídios e roubos da história, além de uma redução significativa no roubo de cargas.

“A menor taxa de homicídios da história, a menor taxa de roubos da história”, listou o secretário. “Redução de quase 27% de roubo de carga no Estado de São Paulo. Grandes operações, operações de inteligência da polícia civil realizadas.”

Entre as iniciativas citadas, Derrite mencionou a Operação Big Mobile, que resultou na apreensão de mais de 25 mil celulares roubados, e a Operação Adaga, que retirou 10 mil criminosos das ruas. O secretário também exaltou o papel das novas tecnologias e estratégias no combate ao crime, como o uso de drones, monitoramento remoto e policiais infiltrados.

Polícia Militar
Agente da Polícia Militar de São Paulo ao lado de uma viatura da corporação | Foto: Agência Brasil/Rovena Rosa

Além disso, destacou a importância da Operação Carnaval, que garantiu uma redução de 37% nos roubos de celulares durante as festividades, fruto de um planejamento estratégico que envolveu a Polícia Militar e a Polícia Civil. “É um trabalho contínuo, de inteligência, tecnologia e estratégia”, afirmou. “A criminalidade se adapta, mas estamos sempre um passo à frente.”

O secretário também mencionou investimentos na modernização da segurança pública, como o programa Muralha Paulista, que visa a integrar os sistemas de monitoramento dos municípios ao banco de dados do Estado. O objetivo é facilitar a identificação e captura de criminosos por meio de câmeras inteligentes e reconhecimento facial.

Além disso, destacou o projeto de flagrante remoto, que evita o deslocamento de viaturas para registros de ocorrência em cidades vizinhas, para garantir que os policiais permaneçam em seus municípios. “Às vezes, uma viatura precisa rodar 100 km para apresentar um flagrante, deixando a cidade desguarnecida”, contou. “Com o flagrante remoto, isso acaba.”

Leia também: “A fuga de Mossoró explica o Brasil”, reportagem de Rute Moraes e Silvio Navarro publicada na Edição 210 da Revista Oeste

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