Para quem acompanhou o sepultamento da Operação Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF), livrando a bandidagem de colarinho branco para voltar a Brasília, um mistério é inevitável: por que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras na época, Renato Duque, voltou para a prisão e segue enfrentando condenações?
Antes de apresentar respostas possíveis, eis o histórico: Duque confessou ter captado R$ 650 milhões em propinas na sua diretoria da Petrobras, nos governos Lula e Dilma Rousseff. Foi colocado lá por José Dirceu. O tempo de condenações por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e afins passa de 130 anos. Passou cinco anos preso, desde que a Lava Jato bateu à sua porta, ainda na 15ª fase, em 2015. Foi solto em 2020 e usou tornozeleira até 2024, quando achou que retomaria a vida no Rio de Janeiro, como aconteceu com todo o restante da quadrilha. Não deu certo. Foi preso logo em seguida, em regime fechado na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica (RJ), em nova condenação altíssima.
O caso de Duque não passou por delação premiada, mas ele confessou os crimes e apontou o dedo para três nomes graúdos do PT na época: José Dirceu, Lula e Antonio Palocci – este último teve o benefício do esquecimento pelo STF há pouco tempo, desfiliou-se do PT e abandonou a política. Dirceu e Lula seguem na ativa.
O que se sabe sobre as confissões de Duque? Assim como Palocci, ele afirmou que o volume de dinheiro roubado em cédulas era muito grande. Duque recomendava o uso de carros-forte, o que foi confirmado por empresários em delações tempos depois. Confissões como a dele representam a certeza de que a Lava Jato nunca chegou ao montante total surrupiado, em bilhões de dólares escondidos fora do Brasil.
Por isso,é um perigo para o PT: ele sabe demais e nunca foi soldado do partido, como o próprio Dirceu ou os tesoureiros João Vaccari Neto e Delúbio Soares. Era só um operador que ficou rico. Vai continuar preso numa cela, como aconteceu com Marcos Valério na era do Mensalão.
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