O comentário que fez Hugo Motta bloquear a Associação dos Familiares e Vítimas do 8/1

A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) denunciou publicamente que foi bloqueada no Instagram pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), depois de uma cobrança respeitosa feita por sua advogada, Carolina Siebra.

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O bloqueio ocorreu depois de um comentário em que lembrava ao parlamentar o compromisso assumido com os familiares dos presos políticos. “Fui surpreendida ontem à noite, tinha feito um comentário na postagem do presidente Hugo Motta […] pedindo que ele cumprisse a promessa dele”, afirmou a advogada em entrevista ao Jornal da Oeste desta sexta-feira, 25.

Carolina relatou que esteve pessoalmente com Motta no começo do ano, ao lado de familiares de presos políticos, como a mulher de Ezequiel e a viúva de Clezão. “Nesse momento, ele prometeu a elas que iria pautar a anistia”, declarou.

A advogada destacou que seu comentário foi feito “de forma respeitosa” e apenas cobrava o cumprimento do que foi prometido. Horas depois, percebeu que não conseguia mais acessar o perfil de Motta, nem por seu perfil pessoal nem pelo perfil da Asfav. “Isso prova tanto que foi um bloqueio, que eu parei de seguir o presidente que eu já seguia”, explicou.

Carolina classificou o ato como “lamentável” e “um ato antidemocrático”, ao observar que a associação “representa muitas famílias” e é “a principal instituição que anda aqui no Congresso pedindo a anistia”.

Asfav critica as penas impostas aos presos do 8/1

A advogada criticou as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal aos envolvidos nos atos. Ela mencionou o caso de Débora dos Santos, cuja pena proposta por Alexandre de Moraes foi de 14 anos, enquanto o ministro Luiz Fux sugeriu um ano e seis meses. Para Carolina, a Corte “não cumpre as regras constitucionais e nem o processo penal brasileiro.”

Perguntada sobre possíveis denúncias contra o ministro Moraes por interferência nos trâmites legislativos, Carolina respondeu que a associação não move ações nesse sentido, pois tem se concentrado em ações de apoio humanitário e na luta pela anistia. “Hoje a nossa principal objetivo é devolver essas pessoas para suas famílias”, disse a advogada.

Ela também revelou que a associação entregou um relatório de 2,5 mil páginas ao deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição, em que reúne denúncias de maus-tratos nos presídios. Com base nesse relatório, foi criada uma subcomissão na Comissão de Segurança Pública.

Carolina Siebra, advogada da Asfav, cedeu entrevista ao <b>Jornal da Oeste</b> | Foto: Revista <b>Oeste</b>
Carolina Siebra, advogada da Asfav, cedeu entrevista ao Jornal da Oeste | Foto: Revista Oeste

Um dos casos destacados por Carolina foi o de dona Vildete, de 74 anos, presa e atualmente em cadeira de rodas, com saúde debilitada. “Ela entrou andando pela porta da frente e, por conta das suas comorbidades, está de cadeira de roda”, denunciou. “Dizer que uma pessoa com um quadro desse é um risco à segurança do país é um absurdo completo.”

A subcomissão ainda aguarda autorização de Moraes para que senadores possam visitar os presídios e verificar as denúncias. “Essas visitas foram já aprovadas no Senado, mas não foram aprovadas ainda pelo ministro”, encerrou.

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