Trouxemos, recentemente, os graves problemas observados nos dados meteorológicos e nas Estações Meteorológicas de Superfície que os geraram no Reino Unido. Além das péssimas condições para a obtenção de informações que refletem em valores superiores de temperatura do ar bem acima da realidade, em muitos casos, sequer existia uma estação de fato, ocasião em que simplesmente os dados desse parâmetro foram criados por simulação.
Esse não foi um caso isolado porque, na década anterior, já havia uma ampla divulgação do comprometimento dos dados nos EUA, cujos sítios meteorológicos apresentavam as mesmas péssimas condições. Esse amplo trabalho, realizado pelo meteorologista aposentado Willard Anthony Watts, ainda será abordado com mais detalhes no futuro, pois o discurso do “aquecimentismo” toma seu fôlego final para que a agenda ambiental-climática se estabeleça com peso nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, especialmente, na situação que envolve os desenlaces da reunião da COP-30 a ser realizada em Belém (PA) neste ano.
Assim sendo, busquei nos meus arquivos outras situações análogas nas quais os problemas com as estações em grandes centros meteorológicos mundiais foram expostas. Um dos casos que relatei no passado, dos bem graves, havia ocorrido na Austrália. Acabei por buscar a matéria que traduzi há oito anos. Tratava-se de um artigo de agosto de 2017 escrito pelo jornalista Chris White. Na ocasião, ele relatou que os cientistas australianos do Birô de Meteorologia (Bureau of Meteorology — BOM) solicitaram uma revisão dos instrumentos de gravação de temperatura depois que a agência governamental foi pega adulterando esses mesmos registros em vários locais.
Na época, as autoridades da própria agência admitiram a existência de um problema com os instrumentos que registravam as baixas temperaturas, pois sequências inteiras simplesmente desapareceram da lista de dados. Os transtornos provavelmente aconteceram em vários locais em toda a Austrália, mas eles se recusaram a admitir que houvesse uma manipulação nas leituras das baixas temperaturas. O BOM deu pela falta de blocos de registros em Goulburn e Snow Mountains, ambos em Nova Gales do Sul, justamente nas regiões frias importantes do país. Curioso, não é mesmo?
O primeiro a verificar o problema foi o meteorologista Lance Pidgeon que acompanhava o tempo meteorológico na ocasião que ocasionara baixas temperaturas. De repente, observou que a gravação de 13 graus Fahrenheit (–10,5oC) em Goulburn desapareceu do sítio da agência, a partir de 2 de julho. As leituras de temperatura flutuaram brevemente e depois simplesmente desapareceram do sítio do governo.
Segundo Pidgeon, “A temperatura caiu para –10,0 graus Celsius (14 graus Fahrenheit), permaneceu lá por algum tempo e depois mudou para –10,5 graus Celsius (13 graus Fahrenheit) e depois desapareceu”, acrescentando que notificou a Bióloga, Dra. Jennifer Marohasy sobre o problema. Dra. Jennifer, uma cientista do grupo dos céticos australianos que luta contra as fraudes climáticas, acabou chamando a atenção das leituras para a agência. O gabinete mais tarde restauraria a leitura original de 13 graus Fahrenheit depois de uma breve sessão de questionamentos realizados pela Dra. Marohasy.

Na segunda-feira seguinte, uma porta-voz da agência, em uma seção de perguntas e respostas aos repórteres afirmou que “o sistema de controle de qualidade da agência, projetado para filtrar valores falsos ou baixos falsos, foi configurado em –10,0 graus Celsius de mínima para Goulburn, e é por isso que o registro foi ajustado automaticamente”. Em outras palavras, o BOM acrescentou que há limites em relação a quão baixas as temperaturas do ar podem alcançar em algumas áreas muito frias do país.
Isso é um absurdo. Como puderam estabelecer mínimas por filtros de bloqueio para os registros de Estações Meteorológicas de Superfície se não fosse com propósito de excluir a prova da existência do fato? Não existe essa coisa de limitar sensores em um patamar, ainda mais se no local essas temperaturas são plausíveis de acontecer, como foram os casos. Podemos ter certeza que o mesmo “controle de qualidade” para as altas temperaturas do ar certamente não existem. Se existirem, deve beirar aos 100,0oC.
O chefe-executivo do BOM, Dr. Andrew Johnson, que anunciou que vai deixar o cargo em setembro de 2025, disse ao ministro australiano do Meio Ambiente da época, Josh Frydenberg, que a falta de registro das baixas temperaturas em Goulburn, no início de julho, deveu-se a equipamentos defeituosos. Uma falha semelhante eliminou uma leitura de 13 graus Fahrenheit em Thredbo Top, em 16 de julho, embora as temperaturas naquela estação tenham sido registradas tão baixas quanto 5,5oF (–14,7oC), ou seja, perdeu-se mais uma ocasião em obter registros de baixas temperaturas para o cômputo estatístico.
A falta de observação das baixas temperaturas “foi interpretada por um membro da comunidade de forma a implicar que o escritório procurou manipular o registro de dados”, disse Johnson, em entrevista ao jornal The Australian, notoriamente acusando, de forma velada, a Dra. Marohasy. “Eu rejeito categoricamente essa implicação”, completou o chefe do BOM, embora sua explicação seja totalmente divergente do que foi apresentado à sala de imprensa dias antes. Adequação do discurso à situação? Claro que sim.
A Dra. Marohasy, por sua vez, disse aos repórteres que as afirmações proferidas por Johnson são quase impossíveis de se acreditar. Tanto ela como outros meteorologistas realizaram capturas de telas do sítio da agência que mostravam temperaturas do ar muito baixas antes de serem “asseguradas pela qualidade”.
Segundo Johnson, pode demorar várias semanas antes do equipamento ser testado, revisado e voltar a ficar pronto para o serviço. “Eu tomei medidas para garantir que o equipamento neste local seja substituído imediatamente”, acrescentou na época do ocorrido. “Para assegurar que eu tenha uma garantia total sobre esses assuntos, eu acionei uma revisão interna de nossa rede de AWS (Automatic Weather Station — Estação Meteorológica Automática) e os processos associados ao controle de qualidade de dados para observações de temperatura”.
Até aí, o fenômeno de frio já havia passado e um importante registro que corroboraria para diminuir as temperaturas do ar no cômputo mensal e anual, já fora perdido. É assim que vamos “aquecendo” as séries de temperatura: extraindo os valores mais baixos. Esse “método” vem sendo denunciado há muito tempo pelos cientistas céticos à panaceia do “aquecimento global”.
Será esse um padrão? No próximo bloco, traremos mais informações sobre os desdobramentos dessa história e como a Dra. Marohasey tratou desse assunto, especialmente com relação às citadas AWS de Johnson. Também mostraremos que os seus trabalhos em busca por esclarecimentos e informações de fato nos levam a entender que há uma manipulação orquestrada mundialmente, envolvendo outras pessoas e instituições internacionais, pois o acesso aos dados brutos digitais e os seus comparativos analógicos de controle estão sendo cerceados deliberadamente. Só para lembrar, Andrew Johnson também foi representante permanente da Austrália na Organização Meteorológica Mundial — OMM-ONU, em Genebra. Segundo Chris White, o BOM foi colocado sob o microscópio antes por outras manipulações semelhantes. A agência foi acusada em 2014 de adulterar o registro das temperaturas de maneira generalizada pelo país, de forma que parecesse que as temperaturas do ar tivessem subido ao longo das décadas, conforme relatórios de agosto de 2014. Será que é esse o “grande disparate” da elevação sem precedentes das temperaturas do ar dos últimos dez anos, após o grande hiato (estabilidade) das temperaturas que ocorreu por 18 anos seguidos? Vamos só somando as notícias.
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O post A sabotagem dos dados meteorológicos continua — parte I apareceu primeiro em Revista Oeste.