Brasileira vai a Harvard desenvolver pesquisa sobre Alzheimer

A pesquisadora brasileira Giovanna Carello Collar, de 28 anos, foi selecionada para realizar parte de sua pesquisa de doutorado na Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Ela foi contemplada com a bolsa Fulbright, que financiará seu trabalho na instituição norte-americana.

O projeto desenvolvido por Giovanna investiga os possíveis fatores protetores e de resiliência na doença de Alzheimer, com foco em sua origem precoce, ainda durante o neurodesenvolvimento — uma abordagem que desafia a ideia de que o Alzheimer só se manifesta na velhice.

Doutoranda em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Giovanna se destaca internacionalmente no campo da neurociência. Em fevereiro, recebeu o prêmio “One to Watch” da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC), que reconhece jovens cientistas com contribuições promissoras na área.

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A premiação foi anunciada durante o AAIC Neuroscience Next – Hub Indiana, em Indianópolis, nos EUA. Giovanna foi indicada pelo professor Pedro Rosa-Neto, referência mundial no estudo do Alzheimer, da Universidade McGill, no Canadá.

A trajetória de Giovanna na ciência começou ainda na graduação, no curso de Ciências Biomédicas da UFRGS, entre 2015 e 2019. Nesse período, foi bolsista de iniciação científica em um laboratório voltado ao estudo do transtorno do espectro autista e realizou intercâmbio acadêmico na Universidade de Coimbra, em Portugal.

Concluiu o mestrado em Bioquímica pela mesma universidade entre 2020 e 2022, já com foco na doença de Alzheimer, sob orientação do professor Eduardo Zimmer — que também supervisiona sua pesquisa no doutorado.

Da UFRGS a Harvard

Desde o começo do doutorado, Giovanna recebeu mais de 15 bolsas de estudo de instituições nacionais e internacionais, como Capes, CNPq, Karolinska Institutet, University College London e Alzheimer’s Association. Essas bolsas permitiram sua participação em cursos e conferências sobre Alzheimer e neurodegeneração, além de ampliar sua atuação em redes de pesquisa científica.

Em 2023, publicou seu primeiro artigo como primeira autora na revista Molecular Psychiatry. Também é coautora de sete artigos científicos em periódicos como Nature Neuroscience, iScience e Neuropharmacology. Giovanna ainda atua como orientadora de três alunos de graduação em seus trabalhos de conclusão de curso.

Seu trabalho une excelência acadêmica e motivação pessoal. A escolha pelo tema veio da experiência com a avó, diagnosticada com Alzheimer. “Acompanhei minha avó no processo de agravamento da doença”, contou a nova pesquisadora de Harvard.

Ainda não se sabe ao certo quais são as causas do Alzheimer; no entanto, há uma hipótese de que a doença seja desencadeada pelo acúmulo de proteínas no cérebro | Foto: Reprodução/Freepik

Ela enxerga sua trajetória como um ato político, conforme relatou à UFRGS. “Como mulher cientista, nascida e criada em um país emergente como o Brasil, reconheço o privilégio de poder optar por permanecer na academia”, disse. “Quero preencher os espaços que, historicamente, a maioria das mulheres latino-americanas não pôde ocupar.”

Além da pesquisa, Giovanna se dedica ao incentivo à diversidade e à liderança científica. Foi embaixadora da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa e Tratamento do Alzheimer e é membro do Comitê Executivo da Aliança de Mulheres Pesquisadoras de Alzheimer.

A pesquisadora também foi reconhecida com o Prêmio de Jovem Pesquisadora do Congresso Mundial de Cérebro, Comportamento e Emoções, que destaca cientistas promissores da América Latina, e liderou a organização do AAIC Neuroscience Next – Hub Porto Alegre, onde criou o Prêmio Diversidade em Neurociência.

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