Guardado por décadas na biblioteca da Faculdade de Direito de Harvard, um manuscrito com respingos de água e aparência de desgaste havia passado quase despercebido desde que o seu original foi adquirido em 1946 por apenas US$ 27,50 (cerca de R$ 155). Uma recente descoberta, contudo, mudou a história do documento.
Dois pesquisadores britânicos identificaram que o item não é uma simples cópia, como se acreditava, mas uma versão original da Magna Carta de 1300 — uma das sete ainda existentes. A revelação reacende o interesse por um dos documentos mais importantes da história do direito ocidental, que estabeleceu limites à Coroa inglesa.
Professor britânico descobre original por acaso
David Carpenter, professor de história medieval no King’s College London, estava examinando materiais em Harvard quando, em dezembro de 2023, percebeu a autenticidade do manuscrito. “Jamais esperei, em toda a minha vida, descobrir uma Magna Carta”, declarou ao relembrar o momento da descoberta.
No catálogo do leilão em que foi adquirido, em 1945, o documento foi erroneamente listado como uma cópia e datado de 1327. Acabou vendido por 42 libras ao ex-piloto de caça e vice-marechal do ar Forster Maynard, veterano da Primeira Guerra Mundial.
Atualizado para os valores de hoje, os US$ 27,50 pagos na época equivalem a cerca de US$ 500 — uma fração mínima do valor de mercado atual. Em 2007, uma outra versão da Magna Carta, com 710 anos, foi leiloada por US$ 21,3 milhões (R$ 119 milhões, na cotação atual).
O achado em Harvard é considerado, por especialistas, uma das maiores barganhas do século passado no mundo dos manuscritos históricos. Sua raridade e o simbolismo do conteúdo tornam o documento de valor incalculável.
Redescoberta ocorre em meio a pressões sobre a universidade
Nicholas Vincent, professor de história medieval na Universidade de East Anglia, foi o responsável por autenticar o texto. Ele destacou o simbolismo do reencontro com um documento que estabelece limites legais ao poder estatal, justamente em um momento de tensão política nos Estados Unidos.
“Estamos lidando com uma instituição sob ataque direto do próprio Estado, então é quase providencial que o manuscrito tenha reaparecido onde e quando reapareceu”, disse Vincent, numa referência às pressões que Harvard enfrenta sob o governo Trump.
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