Notificado nesta sexta-feira, 16, um único foco de gripe aviária em todo o país foi suficiente para interditar as exportações de carne de aves para dois importantes parceiros comerciais do Brasil: União Europeia e China. A ironia é que ambos não receberam um único grama desse tipo de proteína dos frigoríficos do município onde ocorreu o problema, ao menos não em 2024 — nem em 2025. Além disso, apesar de serem grandes compradores, esses destinos são dois entre muitos para onde o agro nacional exporta esse tipo de alimento.
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Montenegro, no interior do Rio Grande do Sul, é o lugar do único foco de gripe aviária do Brasil. Quando comparadas ao país como um todo, as vendas do município para o mercado externo são como uma garrafa de 1 litro diante de uma caixa d’água.
Os frigoríficos brasileiros faturaram US$ 9 bilhões com as exportações desse setor em 2024. A milésima parte disso veio por meio do produto com origem no município gaúcho. E, nas granjas comerciais do restante do Brasil, nem sinal da gripe aviária.
Apesar da suspensão para a China e os membros da UE, outras partes do mundo seguem comprando do país. São clientes que aceitam o sistema de compartimentação para conter a doença. O mesmo método, aliás, é aplicado dentro das fronteiras do bloco europeu.
A barreira contra a gripe aviária
A compartimentação é o isolamento de uma área no entorno do foco. No caso de Montenegro, a contenção é de um raio de 10 km ao redor do município.
De acordo com o Ministério da Agricultura, alguns exemplos de parceiros que já homologaram o sistema no Brasil são Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas. As quatro nações juntas compraram quase US$ 3 bilhões em carnes de ave do Brasil. É praticamente o dobro das compras da China e da União Europeia somadas.
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de carne de aves do mundo. Além disso, quando o assunto é volume para exportação, nenhum outro país do mundo supera o agro brasileiro. Os frigoríficos locais respondem por 15% da produção mundial e abastecem quase 35% do comércio internacional desse tipo de proteína. São fatias grandes demais para o mundo abrir mão, diante de 8 bilhões de bocas para alimentar.
O post Gripe aviária no Brasil: um espirro diante de uma produção gigantesca apareceu primeiro em Revista Oeste.