Nesta segunda-feira, 19, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repreendeu o advogado Eumar Novacki, que defende Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, durante a oitiva do general Freire Gomes, comandante do Exército durante o governo Bolsonaro. O STF ouve testemunhas no caso do que seria uma tentativa de golpe de Estado.
O juiz do STF subiu o tom depois de a defesa interpelar Gomes, mais de uma vez, a respeito do que seria uma minuta golpista encontrada na residência de Torres, após uma operação da Polícia Federal. Novacki queria saber do general se o documento era o mesmo que havia sito discutido em uma reunião entre membros do governo Bolsonaro.
“Doutor, o senhor já perguntou quatro vezes a mesma coisa e a testemunha já disse que não pode afirmar com certeza ser o mesmo documento, mas que os pontos importantes eram semelhantes”, disse Moraes. “Não vou permitir que Vossa Senhoria faça circo no meu tribunal. O senhor já foi desrespeitoso quando disse que não haveria a necessidade de se falar na advertência do falso testemunho.”
Em determinado momento, o juiz do STF advertiu o advogado para não tentar “induzir a testemunha”.
Advertência a Freire Gomes
Pouco antes da bronca, Moraes deu uma advertência no general.
“Se mentiu na polícia, tem que dizer que mentiu na polícia”, avisou Moraes. “Não pode, perante o STF, dizer que não lembra. A testemunha é general do Exército e, consequentemente, está preparada para lidar sob pressão. Solicito que, antes de responder, pense bem. A testemunha não pode omitir o que sabe. Então, vou dar uma chance para a testemunha falar a verdade.”
Testemunhas ouvidas

Hoje, além do ex-comandante, o STF ouviu três testemunhas de acusação arroladas pela Procuradoria-Geral da República.
- Éder Lindsay Magalhães Balbino, engenheiro que teria cooperado para elaborar um suposto dossiê falso para contestar as urnas;
- Clebson Ferreira de Paula Vieira, teria sido responsável por um levantamento em municípios em que Lula e Bolsonaro concentraram votação superior a 75% no primeiro turno da eleição presidencial de 2022;
- Adiel Pereira Alcântara, ex-PF que teria dificultado o deslocamento de eleitores no 2° turno.
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