O setor citrícola paulista recebeu um reforço de peso com a criação do Centro de Pesquisa Aplicada em Inovação e Sustentabilidade da Citricultura (CPA). O projeto foi lançado na quinta-feira 12, no Palácio dos Bandeirantes, e terá investimento de R$ 90 milhões.
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O objetivo é desenvolver pesquisas, difundir conhecimento e transferir tecnologia para combater as principais doenças que afetam a produção de citros, conforme informa a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
A iniciativa envolve o Instituto Fundecitrus, a Fapesp, a Esalq/USP e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista. Nos próximos cinco anos, renováveis por mais cinco, as instituições pretendem consolidar novos grupos de pesquisa, com foco no controle do greening, uma das doenças mais graves da citricultura. O setor é responsável por 45 mil empregos no Estado.
“Com o centro de pesquisa aplicado para os citros, combateremos o greening“, afirmou o governador Tarcísio de Freitas, durante o lançamento. “Não deixaremos São Paulo perder suas lavouras de citros como a Flórida, nos Estados Unidos, que nunca mais se recuperou. Vamos dar uma grande resposta para a citricultura.”
Na Flórida, por causa da doença, a produção perdeu milhões de caixas em 20 anos. O greening tornou irreversível a perda de parte significativa das safras.
O CPA terá sede na Esalq/USP, em Piracicaba (SP). Contará com o trabalho de pesquisadores de universidades como Unicamp, Unesp, UFSCar e USP, além de instituições internacionais. O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, ressaltou o impacto do centro:
“Com ele [CPA], renovamos, uma vez mais, o compromisso público e privado com o setor diante do sério desafio de mitigar a incidência do greening e, quem sabe, no futuro, encontrar um caminho sustentável para a prevenção da doença e a sua cura.”
O greening já comprometeu 44,4% das árvores citrícolas do Estado, segundo a Secretaria. Algumas regiões registraram mais de 60% de incidência da doença. Desde 2004, cerca de 64 milhões de árvores foram eliminadas para tentar conter a disseminação.
Impacto econômico para o agronegócio
O secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, reforçou o papel estratégico do setor. “Estamos falando de um setor que ocupa o posto de maior exportador no seu segmento no planeta”, destacou o representante do governo.
“O Estado de São Paulo quer que a citricultura seja cada vez mais forte para enfrentar essa doença desafiadora. E isso só é possível com a construção de parcerias que fomentem o desenvolvimento de pesquisas.”
O impacto econômico, segundo a secretaria, também é significativo no Estado: nas últimas cinco safras, a queda prematura de frutos gerou uma perda de 97,2 milhões de caixas de laranja, o equivalente a US$ 972 milhões em receita.
O aumento foi de mais de dez vezes de 2019 a 2024, causado, entre outros fatores, pelo aumento da resistência dos vetores da doença aos inseticidas.
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O centro também terá programas voltados à formação de pesquisadores, ensino à distância e transferência de tecnologia. Pesquisadores e técnicos da Secretaria de Agricultura atuarão na disseminação das inovações geradas.
O CPA contará com o apoio de instituições estrangeiras, como a Universidade da Califórnia, o Cirad (França) e o CSIC (Espanha).
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