Nesta semana, o governo da Rússia anunciou planos para iniciar a oferta gratuita de vacinas terapêuticas contra o câncer a partir de 2025. Rapidamente, o comunicado provocou uma onda de esperança nas redes sociais na luta contra a doença. Apesar disso, especialistas criticaram a falta de publicações científicas sobre o imunizante.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é responsável por cerca de 10 milhões de mortes a cada ano. No entanto, a ausência de publicações que comprovem a segurança e eficácia dessas vacinas geraram polêmica no mundo acadêmico.
Segundo a agência de notícias estatal Tass, o diretor do Centro de Pesquisa Médica em Radiologia do Ministério da Saúde da Rússia, Andrey Kaprin, afirmou que o lançamento deve ocorrer no começo de 2025.
Vacina da Rússia usa técnica de RNA mensageiro
As vacinas em desenvolvimento utilizam a tecnologia de RNA mensageiro, semelhante àquela usada nos imunizantes contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna. As farmacêuticas exploram a tecnologia para tratar tumores.
No fim do mês passado, a diretora da Agência Federal de Medicina e Biologia, Veronika Skvortsova, afirmou que os testes já duram quase três anos.
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Porém, a falta de informações sobre quais tipos de câncer a vacina tratará e se será oferecida como parte de testes clínicos ou como tratamento efetivo são motivo de desconfiança. A comunidade científica exige clareza nos processos e resultados e entende como crucial a transparência nos dados.
Críticas sobre transparência
Maria Ignez Braghiroli, oncologista e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, destacou a importância de entender como o procedimento se realizará. Já a infectologista Luana Araújo expressou ceticismo, pois, para ela, “anúncios científicos devem ser acompanhados de transparência e publicação de dados”.
O desenvolvimento de novos medicamentos passa por várias etapas de estudos rigorosos antes que as agências reguladoras aprovem sua comercialização. O ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, indicou que os testes pré-clínicos com animais deveriam terminar este ano, com testes clínicos previstos para começar em breve.
Os testes
Quando a criação da vacina teve anúncio em abril, Skvortsova mencionou que os testes tinham como foco o câncer colorretal, melanomas e glioblastomas. O desenvolvimento envolve colaboração entre o Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, o Instituto de Pesquisa Oncológica Hertsen de Moscou e o Centro de Pesquisa do Câncer Blokhin.
Alexander Gintsburg, diretor do Centro Gamaleya, afirmou que os ensaios pré-clínicos mostraram que a vacina pode suprimir o desenvolvimento de tumores e metástases. O imunizante ainda reduziria significativamente os tumores de animais. Apesar das falas de Gintsburg, não há registros de dados oficiais.
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