No século 17, a Inglaterra vivenciou um episódio peculiar. À época, quando o Parlamento, então sob controle puritano — grupo religioso que rechaçava celebrações que não estivessem com base bíblica —, proibiu a celebração do Natal, em 1645.
Classificada como uma prática religiosa desviada, a decisão fazia parte de reformas moralizantes que visavam a regular e reformar tanto as práticas religiosas quanto os costumes sociais da época.
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O cenário político era de tensão acentuada, com divergências tributárias e religiosas. A situação levou o rei Carlos I a dissolver o Parlamento.
O impasse culminou em uma guerra civil entre monarquistas e parlamentares, apoiados pelos puritanos. Estes últimos consideravam os costumes religiosos do rei ímpios e decadentes.
Revoltas e descontentamento
O decreto do Parlamento, que controlava grande parte do país, gerou descontentamento e revoltas. Em 1647, por exemplo, cidades como Canterbury enfrentaram insurreições quando cidadãos protestaram contra a proibição das festividades natalinas.
Soldados arrancaram as decorações de Natal das ruas, e lojistas foram forçados a abrir suas lojas no feriado, o que levou a tumultos e vandalismo.
Os puritanos argumentavam que o Natal não possuía respaldo bíblico, já que não há menção ao 25 de dezembro como a data de nascimento de Jesus Cristo.
A festa cristã foi oficialmente instituída no século 14, e a escolha do 25 de dezembro coincidiu com o solstício de inverno no Hemisfério Norte — estratégia para sobrepor a popular festa romana da Saturnália — celebração que honrava o deus Saturno.
Argumentos teológicos e culturais sobre o Natal
Atividades tradicionais, como bear-baiting, bull-baiting, corridas de cavalos e outras práticas de lazer, também foram perseguidas.
Em Londres, a força da repressão puritana era sentida nas ruas, com a vigilância constante sobre as celebrações e costumes considerados decadentes e imorais.
Depois da morte do político puritano Oliver Cromwell, em 1658, a experiência republicana na Grã-Bretanha chegou ao fim, e a monarquia foi restabelecida.
Em 1660, Charles II assumiu o trono. Ele, então, restaurou as antigas tradições, que incluiu o Natal. A celebração voltou com vigor, incorporando elementos não-cristãos, como banquetes, música e jogos.
Influência puritana nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, por sua vez, a influência puritana também deixou sua marca. Durante os primeiros séculos de colonização, o Natal passou quase despercebido, e em alguns Estados, foi considerado ilegal até meados do século 19.
O historiador Stephen Nissenbaum, no livro A Batalha pelo Natal: Uma História Cultural do Feriado Mais Prezado da América, observa que “os puritanos gostavam de dizer que, se Deus quisesse que a natividade de Jesus fosse celebrada, teria dado alguma indicação de quando esse aniversário ocorreria”.
Atualmente, o Natal é celebrado mundialmente como uma mistura de tradições religiosas e pagãs. Isso demonstra a capacidade de adaptação e resiliência das festividades ao longo dos séculos.
Embora a repressão puritana tenha tentado suprimir o Natal, contudo, a celebração persistiu e evoluiu. Hoje, a festa integra diversos elementos culturais.
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