Dois agentes aposentados do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, revelaram no último domingo, 22, detalhes sobre a operação contra o grupo terrorista islâmico xiita Hezbollah, realizado no Líbano no dia 17 de setembro com cargas explosivas dentro de pagers.
Segundo quanto revelado ao programa “60 Minutos”, da TV americana CBS, a operação enfraqueceu o Hezbollah, minando a influência iraniana no Líbano e em todo o Oriente Médio e contribuindo para o colapso do regime de Bashar al Assad na Síria.
“Depois que os pagers dispararam, as pessoas ficaram com medo de ligar os aparelhos de ar condicionado no Líbano porque temiam que explodissem. Portanto, havia – e ainda há – medo real”, disse um dos agentes.
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Segundo os membros da inteligência de Israel, “queremos que eles se sintam vulneráveis – e eles são. Não podemos reutilizar os pagers, porque já fizemos. Já avançamos para algo novo e eles terão que continuar adivinhando qual será o próximo passo”.
Operação da inteligência de Israel iniciada há uma década
A operação do Mossad começou a ser organizada há uma década, com walkie-talkies explosivos descritos como “uma arma semelhante a uma bala, um míssil ou um mártir”.
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Estes dispositivos, equipados com baterias fabricadas em Israel, continham cargas explosivas, e foram vendidos secretamente ao Hezbollah.
“Eles não sabiam que os estavam comprando de Israel. Temos uma gama incrível de possibilidades para criar falsas realidades que não podem ser rastreadas até Israel”, explicou o membro do Mossad ao programa.
“Empresas de fachada em cima de empresas de fachada que influenciam a cadeia de abastecimento a nosso favor. Vamos criar um mundo imaginário. Somos uma empresa de manufatura global. Nós escrevemos o roteiro, somos os diretores, os produtores, os principais protagonistas. O mundo é o nosso palco”, salientou o outro espião.
A estratégia do Mossad com os pagers
O Mossad decidiu expandir a operação para incluir pagers, já que os walkie-talkies só eram usados em tempos de guerra, enquanto os pagers foram projetados para serem transportados o tempo todo e minimizar danos colaterais e o risco de ser interceptados por telefone.
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“Este é um dispositivo muito estúpido por natureza”, disse um dos agentes do serviço de inteligência de Israel “É por isso que se usa. Quase não tem como interceptá-lo, ele só recebe mensagens e alguns gramas de explosivos são suficientes apara provocar uma detonação”.
O Mossad também criou anúncios falsos para os pagers, vendidos através de uma empresa taiwanesa chamada Gold Apollo, que “não fazia ideia” de que estava vendendo dispositivos fabricados pela inteligência israelense através de uma empresa de fachada húngara, também criada pelo próprio serviço de espionagem.
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O Mossad contratou uma funcionária da Gold Apollo já conhecida do Hezbollah para acelerar as vendas, conseguindo vender 5 mil pagers ao grupo terrorista libanês antes da operação de setembro.
Os pagers receberam uma mensagem dizendo “você tem uma mensagem criptografada”, provocando a explosão quando dois botões foram pressionados.
O Mossad também poderia ativar as explosões remotamente se a mensagem não fosse aberta.
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