O Museu da Bíblia, localizado em Washington, nos Estados Unidos, apresentou ao público um mosaico de grande relevância histórica. Estima-se que a obra, criada entre os séculos 3 e 4 d.C., teria sido parte de uma igreja que estava situada no Vale de Jezrael, onde está o Monte Megido, em Israel.
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Naquela época, a região estava sob domínio de Roma. Acredita-se que oficiais romanos tenham encomendado o mosaico, que teria sido feito de forma clandestina em virtude da perseguição aos cristãos. A construção secreta fornece indícios de como o cristianismo era praticado em seus primórdios, sob a ocupação romana.
Descobertas arqueológicas e contexto histórico
O instituto de arqueologia Autoridade de Antiguidades de Israel, ao analisar artefatos encontrados no local, como cerâmicas e moedas, estima que religiosos colocaram o mosaico em uma igreja, em torno de 230 d.C.
Cientistas acreditam, contudo, que o local pode ter sido abandonado por volta de 305 d.C.. À época, cristãos teriam coberto a obra para escondê-la. Essa data coincide com a perseguição aos cristãos pelo imperador Diocleciano.
O mosaico se destaca por conter uma das mais antigas confissões de fé cristã, que reconhece Jesus como Deus encarnado.
Esse reconhecimento é simbolicamente representado por um peixe, um dos primeiros símbolos cristãos. A veneração da cruz só se tornou comum depois da conversão do Império Romano sob Constantino, em 313 d.C.
Simbologia e histórico do mosaico cristão
O símbolo do peixe é usado como uma referência para Iesous Christos Theou Yios Soter, em grego antigo — traduzido como “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. O Monte Megido, local do mosaico, é mencionado no livro do Apocalipse, o último da Bíblia, como o cenário da batalha do Juízo Final.
A palavra “Armagedom”, hoje sinônimo de fim dos tempos, deriva do termo hebraico Har Meggido, que significa “sobre o Monte Megido”. O mosaico inclui inscrições que creditam sua criação a Gaianus, um centurião que financiou a obra e é descrito como “nosso irmão”.
Curiosidades sobre os personagens envolvidos
Embora a expressão “irmão” seja comum entre cristãos, não há confirmação de que Gaianus fosse cristão.
O anúncio de que o mosaico poderia ser emprestado ao Museu da Bíblia, em Washington, gerou discussões e preocupações. A instituição possui um histórico controverso.
O museu devolveu milhares de artefatos adquiridos de forma inadequada do Iraque desde 2017 e admitido, em 2020, que vários fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto eram falsos.
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