A substância arsênio foi encontrada no sangue de uma das vítimas e de dois sobreviventes que comeram o bolo em uma confraternização em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A substância é fatal em doses altas. Os resultados das primeiras análises laboratoriais foram confirmados pelo delegado Marcos Vinícius Veloso, responsável pela investigação, à RBS TV.
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O portal g1 relatou que foram analisados o sangue da mulher que fez o bolo, do sobrinho-neto dela, de 10 anos, e de Neuza Denize Silva dos Anjos, que morreu. Tia e sobrinho estão estáveis, internados no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, segundo boletim médico divulgado nesta sexta-feira, 27.
“O próprio hospital levou o material para o Centro de Informação Toxicológica. Nesse centro, foi constatado arsênio no sangue de duas vítimas que sobreviveram, que estão no hospital ainda, e de uma mulher que morreu, a dona Neuza”, explicou o delegado.
Os nomes da mulher e do sobrinho não foram divulgados oficialmente.
Além de Neuza, outras duas pessoas morreram. Tatiana Denize Silva dos Santos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza morreu de “choque pós-intoxicação alimentar”. Tudo ocorreu em um intervalo de poucas horas.
O delegado revelou que a mulher que preparou o bolo foi a única a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela. A polícia investiga a possibilidade de envenenamento ou de intoxicação alimentar.
André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), explica ao g1 a diferença entre arsênio e arsênico. Arsênio é o elemento químico, enquanto o arsênico é o composto trióxido de arsênio.
“O arsênico trata-se da forma mais tóxica”, afirma o professor. “A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox.”
Bairros lembra que o arsênico é proibido como raticida no Brasil. O uso como quimioterápico, prossegue ele, é restrito.
“O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor”, acrescenta ele.
“Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação”, acrescenta.
O que aconteceu
Na segunda-feira 23, relata a Polícia Civil, sete pessoas de uma família se reuniram em uma casa em Torres para um café da tarde.
Elas começaram a passar mal depois de comer o bolo. Apenas uma não ingeriu nenhum pedaço. A mulher que preparou o bolo em Arroio do Sal também foi hospitalizada.
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A polícia enviou os corpos das três vítimas para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP). O resultado deve ser divulgado na próxima semana.
O delegado também informou que o ex-marido da mulher que fez o bolo morreu em setembro. A causa atribuída foi intoxicação alimentar. Na época, a morte foi considerada natural. Com os novos casos, a polícia abriu inquérito e pediu a exumação do corpo.
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