Espionagem: como a China recruta agentes no exterior

Suborno, chantagem e acordos secretos. Essas são algumas das técnicas que governo ditador da China usa para atrair e reter espiões que vão trabalhar no exterior em favor do Partido Comunista. A missão dessa dessa gente é realizar operações de vigilância, coleta de informações e influência ao redor do mundo, descreve reportagem da revista The Economist com reprodução no jornal O Estado de S. Paulo.

A coisa é tão séria que os Estados Unidos, principal alvo dessa prática chinesa, criaram uma lei. O dispositivo exige que pessoas envolvidas em projetos políticos em nome de uma força estrangeira se registrem e declarem o que estão fazendo. Nos últimos anos, o Departamento de Justiça intensificou a aplicação desta lei. 

China: sob permanente vigilância

Desse modo, só em 2023, o órgão conduziu 25 inspeções do gênero. Foi o maior número desde 1985, quando se identificou vários casos de suposta espionagem envolvendo o nome da China. Com esse trabalho, os norte-americanos querem mandar um recado, que é a vigilância sobre potenciais agentes estrangeiros.

Linda Sun, ex-assessora do governador de Nova York, por exemplo, perdeu a liberdade em setembro por trabalhar como uma “agente não revelada” da China e seu Partido Comunista (PCC). Sun teria impedido reuniões entre autoridades taiwanesas e lideranças estaduais, removido referências a Taiwan das comunicações estaduais e atrapalhado os esforços para divulgar a perseguição da China a minorias étnicas. Em troca, ela teria recebido milhões de dólares em propinas e presentes.

A importância da influência política

O que pode parecer uma ficção típica de filmes da coletânea 007, está mais do que vivo no cotidiano internacional. As operações de influência da China, diz a revista britânica, geralmente ocorrem em uma área cinzenta. Um exemplo são os imigrantes chineses instalados em cidades norte-americanas. São estrangeiros que alcançam status de liderança em associações comunitárias e ganham poder para mobilizar eleitores antes de votações nos EUA.

Assim, constroem relacionamentos com autoridades locais, absorvem informações estratégicas e, depois, fazem viagens à China para encontros com autoridades do Departamento de Trabalho da Frente Unida, o braço do Partido Comunista que tem a função de impulsionar a influência da China no exterior. 

Essas atividades estão dentro da lei, desde que os organizadores atuem de forma independente. Mas a linha que divide a noção de trabalho voluntário e espionagem parece muito frágil. Boa parte dos chineses no exterior apoia o Partido Comunista ou está disposta a promover seus interesses porque isso ajudará seus negócios em casa ou manterá em segurança suas famílias na China. 

É somente quando recebem financiamento secreto, instruções ou supervisão de autoridades chinesas que eles cruzam a linha e se tornam agentes estrangeiros. Em 2022, por exemplo, o FBI prendeu o chefe de uma associação da cidade natal de Shandong. A prisão se deu não por causa de suas viagens frequentes à China ou da amizade com autoridades chinesas. O motivo foi a suspeita de que ele trabalhava com a polícia chinesa para repatriar à força outro imigrante.

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Da mesma forma, em 2023, autoridades indiciaram dois homens chineses por supostamente trabalharem com a polícia chinesa na operação de uma “delegacia clandestina” dentro de uma associação da cidade natal de Fujian, em Nova York. Um deles se declarou culpado em 18 de dezembro.

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