TSE combate supostas fake news, mas falta transparência

Em 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu intensificar suas ações contra o que considera fake news e até criou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. Atualmente sob o comando da ministra Cármen Lúcia, o órgão só não ampliou, contudo, a sua transparência. Não de forma proporcional.

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

Em 2024, o TSE fundou o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde), unindo diversas instituições. No entanto, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a triagem de denúncias pela plataforma online, que possibilita que cidadãos denunciem anonimamente publicações “suspeitas” na internet, enfrenta críticas por falta de supervisão externa.

Críticas à transparência do TSE em combate às suportas fake news

De acordo com o jornal, esse método de triagem, que analisa denúncias sobre “desinformação” contra “membros, servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral” e candidatos, pode prejudicar a imagem de imparcialidade do TSE.

Presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, em pronunciamento no CDE 2024, no 2º turno das eleições
Presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, em pronunciamento no CDE 2024, no 2º turno das eleições | Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Conforme com dados de dezembro de 2024, de 5.250 denúncias que chegaram ao TSE, 1.972 foram arquivadas por falta de dados mínimos ou por estarem fora do escopo.

Durante o processo eleitoral, o tribunal não divulgou, por exemplo, números gerais de alertas que arquivou ou enviou para as empresas de redes sociais. A Folha denuncia que, mesmo em no relatório final do TSE, constam apenas dados genéricos, sem detalhamento por categoria ou explicações sobre as medidas que a Justiça decidiu adotar.

+ Explosão do dólar: jornalismo especulativo ajuda PT a esbulhar o país

Meta e TikTok publicaram relatórios finais em dezembro de 2024, mas Google e Kwai não responderam aos pedidos de informações. O TSE afirma que o relatório de resultados contém dados detalhados, apresentados primeiramente aos órgãos do Ciedde antes de serem divulgados publicamente.

Opiniões divergentes sobre o papel do tribunal

A advogada eleitoral Carla Nicolini observa que há um julgamento prévio dos conteúdos, o que pode afetar a imparcialidade do TSE, embora reconheça a falta de regulamentação pelo Congresso. Ivar Hartmann, professor de direito do Insper, também ressalta que a ausência de dados detalhados inviabiliza a transparência e a prestação de contas.

Já André Boselli, da ONG Artigo 19, defende que a triagem pelo TSE não deve ocorrer fora de uma atuação judicial. Ele acredita que, mesmo sem ser uma ordem judicial, as plataformas podem remover conteúdos para evitar complicações.

+ Cármen nega erros do TSE e ignora indicativos de fraude nas eleições municipais

Durante a gestão de Alexandre de Moraes, foi publicado um manual de triagem do Ciedde, implementado em março de 2024. O centro reúne órgãos como a Polícia Federal e o Ministério da Justiça. Em junho de 2024, organizações da sociedade civil solicitaram reunião com o TSE para discutir o manual, mas não obtiveram resposta.

Estratégias e respostas do TSE

O tribunal não se pronunciou sobre o motivo do plano estratégico do programa de enfrentamento à desinformação para as eleições de 2024 não estar disponível. A publicação do documento só ocorreu em outubro, quando as medidas já estavam em curso.

Em resposta, o TSE afirmou em dezembro de 2024 que a publicação do plano estratégico “apenas formalizou e ampliou a transparência” do que estava sendo feito entre junho e setembro. Disse também que “o que a cada plano é posto não desfaz nem se afasta do que antes foi preparado, salvo se houver mudança específica”.

Leia também: “TSE, de Cármen Lúcia, ignora perguntas sobre fraude nas eleições municipais”

O post TSE combate supostas fake news, mas falta transparência apareceu primeiro em Revista Oeste.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.