González chega à Argentina para pedir apoio a Milei contra Maduro

Edmundo González Urrutia, candidato da oposição ao ditador Nicolás Maduro nas últimas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas em 28 de julho, chegou à Argentina na última sexta-feira, 3. Ele busca apoio internacional para reivindicar sua vitória nas eleições e planeja “tomar posse” no lugar de Maduro, em 10 de janeiro.

A ditadura venezuelana declarou Maduro vencedor, apesar das evidências de fraude no processo eleitoral, que começou com a perseguição e inabilitação dos adversários políticos.

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González, que se autoproclama vencedor e já chegou a ser reconhecido por alguns governos como presidente eleito, agendou reuniões com líderes de direita na América Latina. Entre eles, está o presidente argentino Javier Milei (La Libertad Avanza-AR). Este encontro reforça sua estratégia política para retornar à Venezuela. A reunião ocorrerá na manhã de sábado, 4, na Casa Rosada, em Buenos Aires.

Apesar de Nicolás Maduro ter se declarado vencedor das eleições de julho, seu terceiro mandato é amplamente contestado devido a suspeitas de fraude. Diversos países, incluindo o Brasil, Estados Unidos e União Europeia, não reconhecem o resultado das eleições venezuelanas. Apesar disso, o Brasil designou uma embaixadora para representar o país na posse.

Durante esse período de tensão, as autoridades venezuelanas oferecem uma recompensa de 100 mil por informações que levem à captura de González. Forçado ao exílio, ele reside na Espanha desde 8 de setembro de 2024, após receber asilo político em dezembro. O Ministério Público venezuelano o acusa de conspiração e associação criminosa.

Argentina e Uruguai: a agenda política de González

Depois de se reunir com Milei, González pretende viajar ao Uruguai. Lá, ele encontrará o presidente Luis Lacalle Pou (Partido Nacional-UR) e o chanceler Omar Paganini. A reunião, marcada para a tarde de sábado na Torre Executiva, busca sinalizar apoio às alegações de fraude eleitoral feitas por González.

As autoridades eleitorais venezuelanas proclamaram Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos, sem fornecer detalhes da contagem de votos. A oposição, com base em atas eleitorais publicadas online, contesta o resultado, declarando González como o verdadeiro vencedor.

Repercussões e apoio internacional

Os protestos contra a reeleição de Maduro resultaram em vinte e oito mortes, cerca de 200 feridos e 2,4 mil detenções. Três detidos morreram na prisão, e quase 1.400 foram liberados sob liberdade condicional. Maduro se prepara para tomar posse com o apoio das Forças Armadas, que lhe declararam “lealdade absoluta”.

maría corina machado - líder de oposição ao ditador nicolás maduro na venezuela
María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela | Foto: Reprodução/Instagram/@mariacorinamachado

Em um ato de solidariedade, o Parlamento Europeu concedeu o Prêmio Sakharov a González e à líder da oposição María Corina Machado por seus esforços na restauração da democracia na Venezuela. Esta concessão destaca o apoio europeu à oposição venezuelana.

Crise diplomática entre Argentina e Venezuela

A crise diplomática entre a Argentina e a Venezuela se intensificou depois da denúncia da Argentina ao Tribunal Penal Internacional. A denúncia de 8 de dezembro refere-se à prisão arbitrária e desaparecimento forçado do militar argentino Nahuel Gallo, acusado de terrorismo. O governo argentino também solicitou medidas cautelares à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em favor de Gallo.

O chanceler venezuelano, Yván Gil, criticou a denúncia como um “espetáculo lamentável”. As relações entre Milei e Maduro, já tensas, deterioraram-se ainda mais depois de a Argentina não reconhecer o resultado eleitoral. A embaixada argentina em Caracas abriga seis colaboradores de María Corina Machado, acusados pela ditadura de Maduro de terrorismo. Em 20 de dezembro, um deles renunciou ao asilo e entregou-se às autoridades. Os cinco restantes aguardam salvo-conduto para deixar o país.

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