O Filho e o Polvo

Férias escolares. É meu turno com Martim. Mas, apesar de ser meu turno com Martim, a quem devo lealdade suprema, a certa altura me sinto mais inclinado a ler “A Trégua”, do uruguaio Mario Benedetti. É claro que não irei simplesmente ignorar Martim, até porque está além do meu poder ignorar Martim. Não por incapacidade minha, que tenho todos os recursos espirituais para ignorá-lo, mas porque Martim é uma criança e não se fará ignorável. A marca do adulto é ser ignorável. Fulano é um membro confiável da comunidade quando podemos dizer “Ignoremos Fulano” sem que coisas desagradáveis aconteçam. Não posso dizer “Ignorarei Martim.” Não é um membro confiável da comunidade. Só me resta ir com ele para a fantasia.
Leia mais (01/05/2025 – 13h00)
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