O jornalista Glenn Greenwald, que atualmente mantém uma coluna no jornal Folha de S.Paulo, cobrou o fim do Inquérito das Fake News no Supremo Tribunal Federal (STF). O repórter publicou um artigo neste sábado, 4.
Na coluna, Greenwald lembrou uma entrevista de Luís Roberto Barroso, presidente do STF, em outubro de 2024. Ao jornal norte-americano New York Times, o ministro disse que o inquérito será encerrado “em breve”.
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“O fim do ano chegou e passou”, escreveu Greenwald. “Estamos agora no ‘início de’ 2025. Alguém acredita que o STF está sequer considerando, muito menos planejando, finalmente renunciar a esses poderes radicais nas mãos de Moraes? Pelo contrário, essa perspectiva parece cada vez mais improvável.”
O colunista da Folha criticou o poder dado à Suprema Corte por meio do Inquérito das Fake News. O jornalista chamou a ação de “extraordinária e radical”.
“Em 2019 — há cinco anos completos —, o tribunal criou o ‘inquérito das fake news’ e concedeu a um ministro, Alexandre de Moraes, poderes praticamente ilimitados para investigar criminalmente críticas ao tribunal (a maioria do STF caracteriza críticas como ‘ataques’ à democracia brasileira)”, disse Greenwald.
O jornalista lembrou que Moraes pôde, por meio do inquérito, supervisionar o discurso político na internet, além de “ultrapassar poderes de qualquer autoridade no mundo democrático”.
Cármen Lúcia chama Inquérito das Fake News de “extremamente grave”
A ministra Cármen Lúcia chamou a aprovação desses poderes de uma medida “extremamente grave” e disse que era necessário para a situação “excepcionalíssima” das eleições de 2022. A magistrada defendeu que a ação seria temporária.
“Dado que — como sempre ocorre com os ‘poderes temporários’ — há novos supostos perigos, na forma de mais evidências de uma tentativa de golpe, que, insistirão, exigem que o STF mantenha esses poderes indefinidamente”, lembrou o Greenwald.
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No artigo, Greenwald lembrou da lei chamada “Patriot Act”, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, depois do ataque de 11 de setembro de 2001. A medida concedeu poderes extras ao governo norte-americano, e, o que deveria ser temporário, existe há 24 anos.
“Os políticos convencem os cidadãos de que estão sob grave ameaça de um novo perigo existencial (comunistas, fascistas, terroristas, etc)”, disse o jornalista. “A única forma de se proteger contra essas ameaças, insistem, é permitir que os líderes assumam poderes antes inimagináveis.”
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